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Enfim, retornei.

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Ao longo dos últimos dois anos e dez meses me impus um verdadeiro exílio literário, corporificado na ausência de estar aqui, junto a vocês, meus amigos, alunos, ex-alunos, parentes e leitores espalhados pelos mais distantes rincões deste mundo. A razão? Muitos que me seguem sabem que foi o prematuro falecimento da minha mãe, minha primeira leitora de todas as publicações. Até hoje me rasga o peito saber que ela não está mais aqui para me recriminar quando carregava na tinta e pesava a pena ou para elogiar quando entendia que o texto estava bom e que agradaria a meu pai. Cinco de junho fará três anos de sua partida e eu preciso superar a dor da saudade e recomeçar. Buscarei hoje dar esse ponta-pé inicial do retorno e tentarei com afinco até completar os três anos, quando finalmente espero estar forte o suficiente para contar tudo o que ocorreu naquela fatídica data que mudou, para sempre, nossa forma de viver a vida.

Vocês poderiam perguntar porquê hoje? E a resposta seria simples. Uma das coisas que sempre me motivou a escrever foi a música e hoje, por acaso, me deparei no YouTube com uma sequência musical que fez relembrar alguns texto que aqui publiquei sobre ela, como por exemplo “Alcione, profissão: cantora”. Nele discorro sobre sua importância na minha vida e destaco clássicos como ” A loba”. Pois bem. Hoje, me sentindo abandonado, fui ao YouTube e a primeira música que me apareceu foi ” você me vira a cabeça “, música que me agrada bastante, dentre outras coisas, pela linda introdução. Na sequência, “Dezembros”, de Fagner e Zeca Baleiro. Para quem não conhece, um retorno brilhante que contou ainda com a participação do sempre parceiro Fausto Nilo e que narra, na viagem de um trem, os encontros e desencontros de um casal apaixonado na grande cidade. Letra e música com uma qualidade fenomenal.

A playlist que se descortinou, a partir daí, conta com Danilo Caymmi cantando a música de abertura da inesquecível série “Riacho Doce” da Rede Globo ” o bem e o mau”; Nana Caymmi emprestando seu vozeirão para “Não se esqueça de mim” do inesquecível especial ” Elas cantam Roberto ” e “Eu sei que vou te amar”.

Meu Deus, quantas músicas espetaculares estão disponíveis em contraponto ao comercialmente desprezável (ou zível) iniciado por “eguinha pocotó” e alguns funks que não merecem sequer referência. No rock nacional me surgiu a balada do JQuest ao vivo “Só Hoje” – Simplesmente espetacular nesse clamor para estar junto da pessoa amada.

No samba Diogo Nogueira com “Clareou”, “Lama nas ruas”,  “espelho” e “Pé na areia “; Revelação com ” Tá escrito “; Jorge Aragão com “Papel de Pão ” e “Falsa consideração”; Benito de Paula com “Retalhos de cetim”.

No sertanejo encontrei Vitor & Leo com ” Borboletas”; Chitaozinho & Xororó “Falando às paredes ” e Bruno & Marrone com “bijuteria ” e “Um bom perdedor”.

Entre as românticas tive José Augusto cantando “Hey” e na MPB João Bosco e Djavan cantando “Corsário “.

A cada nova música uma lembrança, uma recordação de um momento feliz e outros nem tanto. A sonoridade nos conduz além do tempo vigente e leva a um passado distante que já não volta mais. O tempo rege o ato é um brocardo jurídico que bem se aplica a esse contexto. Lembro que essa playlist do YouTube começou a se formar em um passeio que fizemos, eu e minha esposa, a Chapada Diamantina em visita surpresa aos compadres Adriana e Jadilson na cidade de Jacobina, na Bahia. Dormimos em um pedaço de paraíso na Chapada depois de muito churrasco que assei, boa prosa e excelente música que ia colocando no YouTube. Que noite fantástica e que herança maravilhosa. Dentre tantas, a marca indelével da maior cantora brasileira, a nossa marrom Alcione.

 

 

 

Espero não mais passar tanto tempo sem escrever. Sem dividir com vocês esses momentos que minha memória reserva para destacar o quão espetacular é viver.

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