Connect with us

Variedades

MAMÃE

Published

on

Sempre que volto os olhos para o passado encontro em algum registo fonográfico as lembranças que procuro. Hoje lembrei que em 1978 meu pai adquiriu de seu grande amigo Benedito Buzar um chevete bege com toca-fitas e nele, a primeira a tocar era uma coletânea de Roberto Carlos. Foi a primeira vez que eu escutei a música Lady Laura. Seus versos, arrancados do fundo d’alma do autor, refletem como poucos o sentimento único de amor de um filho para com sua mãe.

“Tenho às vezes vontade de ser
Novamente um menino
E na hora do meu desespero
Gritar por você
Te pedir que me abrace
E me leve de volta pra casa
Que me conte uma história bonita
E me faça dormir

Só queria ouvir sua voz.
Me dizendo sorrindo:
Aproveite o seu tempo
Você ainda é um menino

Apesar da distância e do tempo
Eu não posso esconder
Tudo isso eu às vezes preciso
Escutar de você

Quantas vezes me sinto perdido
No meio da noite
Com problemas e angústias
Que só gente grande é que tem

Me afagando os cabelos
Você certamente diria:
Amanhã de manhã
Você vai se sair muito bem

Quando eu era criança
Podia chorar nos seus braços
E ouvir tanta coisa bonita
Na minha aflição

Nos momentos alegres
Sentado ao seu lado sorria
E nas horas difíceis podia
Apertar sua mão

Tenho às vezes vontade
De ser novamente um menino
Muito embora você sempre ache
Que eu ainda sou

Toda vez que te abraço
E te beijo sem nada dizer
Você diz tudo que eu preciso
Escutar de você”

Sempre que escuto essa música tenho a certeza de que o autor foi tocado por Deus. Quanta sabedoria e realidade em tão poucos versos! Quantos de nós não clamamos por elas nos momentos de aflição? Quantos não tiveram em seu colo afetuoso e na voz doce a segurança para um sono tranquilo? Quantos ainda hoje adultos procuram refúgio em seu ombro e encontram respostas às suas perguntas?

Penso naqueles que tem algum tipo de dificuldade e encontram nas mães uma fortaleza. Mesmo cansadas pela longa jornada diária são incansáveis no propósito de lhes trabalhar o caminho.

Tive a bênção de poder acompanhar o nascimento dos meus filhos. É impossível negar o vínculo maior entre mãe e filho. Elas lhes dão a vida. Carregam em seu ventre durante a gestação sendo com eles ligadas pelo cordão umbilical e mesmo após o nascimento é para os seus braços que primeiro retornam pro alimento inicial. Enfim, mãe é mãe.

Nos meus tempos de atleta, sempre que estávamos retornando de algum campeonato, eu costumava cantar a música fogão de lenha, imortalizada na voz de Chitãozinho e Xororó. Ela bem retrata o retorno para o carinho maternal.

“Espere minha mãe estou voltando
Que falta faz pra mim um beijo seu
O orvalho das manhãs cobrindo as flores
Um raio de luar que era tão meu
O sonho de grandeza, ó mãe querida
Um dia separou você e eu
Queria tanto ser alguém na vida
Apenas sou mais um que se perdeu

Pegue a viola, e a sanfona que eu tocava
Deixe um bule de café em cima do fogão
Fogão de lenha, e uma rede na varanda
Arrume tudo mãe querida, que seu filho vai voltar

Mãe eu lembro tanto a nossa casa
As coisas que falou quando eu saí
Lembro do meu pai que ficou triste
E nunca mais cantou depois que eu partí
Hoje eu já sei, ó mãe querida
Nas lições da vida eu aprendi
O que eu vim procurar aqui distante
Eu sempre tive tudo e tudo está ai”

Sei que não são eternas a não ser na lembrança e no amor. Sei que hoje, quando estiver ao lado da minha, inúmeros não terão a mesma sorte. Hoje abraçarei minha mãe de forma diferente. O farei na convicção da reflexão de hoje. Abraçarei a ela pelos amigos e parentes que já não podem abraçar as suas. Peço que aqueles que podem não percam a oportunidade. Abrace a sua e lhe diga: eu te amo, mamãe.

Feliz dia das mães.

P.s.: Um ano depois de escrever este texto minha mãezinha nos deixou. Ela faleceu dia 05 de junho de 2020 vítima de um erro médico durante o tratamento da covid. Quanta saudade sinto daquele último dia das mães ao seu lado. Retorno à frase final: abracem suas mães enquanto ainda podem e digam-lhes “eu te amo”. Afinal, como diz a música da Ana Vilela: “a vida é trem bala, parceiro e a gente é só passageiro prestes a partir”.

2 Comments

2 Comments

  1. Anônimo

    16 de maio de 2019 at 17:08

    Bacana! ! !

  2. Anônimo

    16 de maio de 2019 at 17:08

    Bacana! ! !

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Variedades

SONHOS DE UM PALHAÇO

Published

on

Certas coisas nos fazem encontrar a ficção numa proporção em que fica difícil distinguir o real do imaginário. Nesta última semana foi assim e até agora não consegui distinguir um do outro.

Não é novidade para ninguém que sou professor universitário. Talvez seja uma das maiores alegrias que já tive, a qual me foi proporcionada pelo meu amigo/irmão Clóvis Fecury. Foi ele quem falou para o então Reitor da nossa Universidade Ceuma que a instituição gostaria de ter uma pessoa com o meu perfil como professor. Para quem são sabe, a minha trajetória profissional caminha lado a lado com essa Instituição de Ensino Superior que, se não trabalhei desde o dia em que nasceu, pude lhe auxiliar nos primeiros passos. Acho que quando cheguei tínhamos pouco mais que cinco anos de fundação. Fui seu primeiro Assessor Jurídico e hoje, trinta e um anos após a minha formatura, completo mais um ano como professor do Curso de Direito. Entreguei meu nome e toda a minha vitoriosa carreira à Instituição que, fundada por Mauro de Alencar Fecury, me recebeu como professor. Na Universidade Ceuma cheguei especialista em Direito Processual Civil e me tornei Mestre.

Na Universidade Ceuma me descobri muito mais que um simples professor. Aqui me tornei um agente do futuro, mais um a construir o amanhã. Me tornei um construtor de futuro, um transformador de sonhos, do universitário e de toda uma família.

Vivi e vivo seus sonhos. Suas dificuldades e suas superações.

Nesta semana tivemos mais uma formatura. Vários ex-alunos colaram grau. Não pude comparecer por medidas de segurança, mas fiquei feliz em saber que novamente cumprimos com nossa missão. Entregamos para o mercado de trabalho profissionais gabaritados, fruto de uma formação de extrema qualificação, pautada nos mais modernos conceitos e metodologias pedagógicas.

O professor é o cidadão que sai de casa para construir o amanhã. Se depara com os mais variados perfis. Apresenta um conteúdo definido, cria outros ou ainda constrói momentos que somente serão compreendidos no futuro, mas planta a semente, igual àquele lavrador que a coloca no chão para amanhã colher. O professor é igual ao palhaço: oculta o seu sentimento atual para fomentar o propósito de tantos. É aquele que faz rir mesmo estando dilacerado por dentro. Esse é o seu papel. Instruir, construir o amanhã mesmo que, para ele, até mesmo o hoje esteja em risco.

Ao refletir sobre tudo isso, não tive como não me lembrar de um dos maiores nomes da nossa música popular brasileira. Na década de 70, Antonio Marcos gravou uma de suas mais icônicas músicas. Sonhos de um palhaço reflete um momento,  a perda de um amor, um instante de dor e reflexão. Um espaço temporal em que, espelho da vida docente, o sorriso e a maquiagem ocultam uma dor presente. Ninguém sabe o que o palhaço está vivendo, mas ele precisa seguir em frente com a sua missão, seja ela divertir ou construir o amanhã.

Lembrei de Elimar Santos retirando a maquiagem do palhaço enquanto interpretava essa belíssima música. Infelizmente não localizei as imagens. Se algum leitor as tiver, por favor me envie no Instagram. Farei questão de integrar o texto com ela.

Disponibilizo vídeo e letra para vocês:

Seja na vida pessoal ou profissional, essa música reflete a realidade de quem precisa sorrir, ainda que o seu desejo seja apenas chorar.

Antonio Marcos faleceu aos quarenta e seis anos, consumido por uma depressão aguda, vítima de insuficiência hepática causada pelo consumo excessivo de álcool e drogas. Mesmo com uma carreira recheada de grandes sucessos como “Se eu pudesse conversar com Deus”, “O homem de Nazareth ” e “Como vai você “, ele sucumbiu às oscilações do mercado fonográfico e desilusões amorosas.

 

 

Ninguém sabe o que se passa com um professor. O aluno quer a aula. Ele precisa estar apto a ministrá-la. Estando triste ou não.

No final, resta o sonho de que a lágrima, muitas vezes presente na maquiagem, se transforme num sorriso ou num glorioso amanhã.

Continuarei sorrindo e sonhando.

Continue Reading

Variedades

Pura insensatez

Published

on

Sempre fui um aficionado por história e por cinema. Quando um se mistura com o outro se torna um atrativo que merece atenção.

Tempos atrás me deparei com o filme 13 dias que mudaram o mundo. Ele conta a história da descoberta, pelos americanos, de que mísseis soviéticos estariam sendo colocados em Cuba, gerando a famosa crise dos mísseis, que quase nos levou a mais uma guerra mundial, desta feita com a utilização de ogivas nucleares. Com muita diplomacia, John Kennedy conseguiu que tudo não passasse de um susto.

Não preciso lembrar a ninguém que a bomba atômica foi usada pela primeira e única vez na segunda guerra mundial, mais precisamente em Hiroshima e Nagasaki, grandes, populosas e importantes cidades Japonesas, o que levou à rendição no grande Império do sol nascente.

Infelizmente, por ser o homem predador do homem, outras grandes potências se dedicaram a controlar o átomo. Não para gerar energia (fim que seria perfeitamente aceitável), mas para produzir armas, inicialmente sob o argumento de se defender. Uma pena que aquela que defende é a mesma que ataca.

Estamos vivendo, a mais de um ano, uma guerra que a todos ameaça. A Rússia de Putin ataca a Ucrânia de Zelensky. O que era uma questão paroquial tendo como fundo uma adesão da Ucrânia à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) – os países que integram o tratado, se atacados, são defendidos por todos os integrantes (um por todos e todos por um) -, se configura um expansionismo Russo bloqueado pelos tratadistas, tendo como elemento limitador os combustíveis fósseis, notadamente o gás natural. Em suma: a Rússia queria se expandir, a OTAN apoiou a Ucrânia e só não botam para moer porque a Rússia pode cortar o fornecimento dos combustíveis fósseis.

Simples assim.

Enquanto isso, Zelensky fica a cada dia mais solicitando uma fortuna dos países aliados para manter o esforço de guerra e, por último, contando com a senilidade de Biden, bombardeou a Rússia com mísseis americanos.

Uma senhora excrescência fisiológica, para não dizer uma p… c……

Não bastasse essa guerra estar impactando o mundo através do comércio (sim, nos impacta pela dificuldade de aquisição de fertilizantes, diesel e venda de bovinos, suínos e frangos, dentre outras comodites), esse conflito pode nos levar a uma guerra nuclear.

Explico.

Poucos países dominam a tecnologia atômica, mais precisamente Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte. Destes, Rússia, China e Coreia do Norte são aliados.

Se já não fosse preocupante desembarcarem milhares de soldados coreanos para lutar ao lado dos Russos, Biden autorizou a Ucrânia a usar Mísseis americanos para ataque. Será que é tão difícil para o congresso americano impedir esse louco inconsequente? Se não sabem fazer me coloco à disposição para ir lá e orientar como.

Ficamos à beira de um conflito nuclear porque um cidadão que não se aguenta sobre as próprias pernas autorizou o inimaginável. Retiro o que disse se me mostrarem que foi autorizado pelo Congresso e aí falarei o mesmo sobre o Congresso Americano.

Me comprem um bode, pelo amor de Deus.

Fosse um comando do Trump tava a globolixo e meio mundo de imprensa descendo o pau no cara. Como foi o Biden estão todos calados. Pqp.

A Rússia já contra-atacou com Mísseis que podem levar ogivas e ninguém reage a essa insanidade?

Acho que está na hora de parar de digitar e começar a cavar meu quintal. Quem sabe ainda consigo construir um bunker e armazenar alimentos antes que esses loucos detonem a terra. Será que um ano de reservas seria suficiente? Quanto de lacticínios, charque, carne de sol e outros víveres será que consigo armazenar antes que acabem com a vida na terra?

Se soubesse falar inglês, russo, chinês, mandarim ou correano diria: resolvam suas diferenças num jogo de palitos, poker ou até bolinha de gude. Se não aceitarem a sugestão, vão tomar bem no meio do olho dos seus c..

Vocês se estranham por aí e nós que sofremos as consequências? Em bom maranhês: vão se catar, Siô!

Se continuarem com essa insensatez, não tenham dúvidas: mandaremos nossa arma secreta para acabar com essa bagaça. Na guerra, a vítima, o acusador e o Juiz podem ser o mesmo. Não vacilem. Se aqui nem em guerra estamos e já vivemos em um regime velado de exceção, quanto mais aí. Se continuarem a encher o saco o careca vai praí e o bicho vai pegar e ainda leva o Darth Vader do Planalto pra ajudar nos decisórios. Ataque se faz com guarda e retaguarda e nesse caso, desgraça pouca é tiquinho. Hehehe

P. S.: Me comprem logo um rebanho de bodes, que só um é pouco pro tamanho da necessidade fisiológica que vocês estão fazendo, pra não dizer pro tamanho da m…..

 

Continue Reading

Variedades

Chorando na chuva

Published

on

Recordação.

Palavra que exprime memória de eventos passados e que, por algum motivo, ficam guardados no nosso subconsciente e que, em algum momento, se apresentam para nos fazer reviver bons momentos ou, quem sabe, apenas sentimentos bons que gostaríamos de reviver, se fizessem presentes outra vez.

Final de tarde, perdido na solidão de um instante, busquei no YouTube alguma música que me remetesse a momentos felizes e encontrei nos acordes iniciais de “Crying in The Rain” cantada pela banda norueguesa A-ha, a resposta para a minha busca.

Como em um passe de mágica, me veio à lembrança o comercial da Lacta sobre o chocolate Laka. O comercial mostrava um jovem imberbe, pré-adolescente talvez, indo ao encontro de sua namoradinha. Enquanto a aguardava e como ela demorava, acabou por comer o chocolate branco laka que havia levado para ela. Com a sua chegada, ele diz a ela: ” trouxe um laka para você “. Ela pergunta: “cadê?”. E ele, sem receio, lhe diz: ” tá aqui”, e lhe beija. Ela, feliz, diz em seguida: “Dá mais um pouquinho?”. Tudo tendo ao fundo essa icônica música. Um marco para a minha geração de nascidos no século XX. Imagino tantos quantos, nostálgicos como eu, se lembram desse momento singular.

O comercial, registre-se, foi produzido pela empresa W/Brasil, com a assinatura do publicitário Washington Olivetto, falecido recentemente em 2024. Considerado um marco da publicidade nacional, foi premiado com o “Leão de Ouro” em Cannes,  consoante nos foi gentilmente informado por Polyana Amaral em nosso Instagram @sergiommuniz.

Os tempos mudaram. O politicamente correto tomou conta do mundo. Talvez hoje surgisse até quem se posicionasse contra a exibição desse conteúdo. Muitos prefeririam mostrar jovens do mesmo sexo ou mesmo adultos se relacionando. Afinal, esse seria o politicamente correto de hoje. Prefiro o passado. Questão de opinião.

Contudo, em que pese a singularidade do comercial apresentar um inocente beijo otimizado por um excelente chocolate branco (mensagem transmitida com excelência) e por uma música de melodia espetacular, penso hoje, impulsionado pelas facilidades da modernidade que nos disponibiliza a tradução da letra no YouTube, que esta não espelha a intenção do comercial. Com efeito, a canção aponta para uma separação e não para a única proposta no comercial.

Crying in The Rain (chorando na chuva) é uma música composta por Howard Greenfield e pela grande Carole King (uma das maiores compositoras americanas) e originalmente gravada pela dupla The Everly Brothers.

Contudo, foi no início da década de 90 que ela fez enorme sucesso na versão da Banda A-ha. Consoante se apresenta a seguir, a música fala de alguém que já não tem consigo seu grande amor e que afirma que suas lágrimas serão ocultadas pela chuva. Ela não saberá que ele ainda a ama, mesmo só restando mágoas. Por isso ele chorará sua tristeza na chuva.

É certo que muitos seguiram o exemplo do comercial. Marcaram o encontro, levaram o chocolate e repetiram a fala e o gesto para se entregar no romântico beijo.

Lembro com saudade dos momentos parecidos que vivi. Ter podido acompanhar algo parecido com minha filha e meu filho do meio me faz acreditar que ainda é possível sonhar com um romance juvenil, daqueles de outrora, daqueles do “Me Dá um Beijo” de 1989.

Sei que muitos pais da minha geração estão vivendo tudo isso, talvez até mesmo enquanto escrevo estas breves linhas.

Sendo apropriada a música ou não, ela marcou uma geração, seja pela época em que foi composta e usada, seja por refletir a realidade posterior de tantos que, um dia, acreditaram no romantismo do momento. Creram que o amor seria para sempre.

De uma forma ou de outra, chorar sob a chuva pode ser ainda uma boa opção. Apaixonado, ou não.

Continue Reading

Trending