Homenagem

Simplesmente BONIFA

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JOSÉ BONIFÁCIO MUNIZ NETO, para muitos Bonifacinho ou Boni. Para mim, BONIFA, meu primo mais velho.

Sorriso largo seguido por uma gargalha longa. Essa era a marca registrada dele. Sempre acreditei que o bom humor era genético, herança direta do seu pai, Zé Gordo.

Das recordações que guardo da minha infância, em muitas delas ele se faz presente, vez que ali estava quando de sua aprovação para o curso de Direito, nos nossos torneios de futebol de botão ou nas nossas partidas de futebol, nas tardes de sábado, ocorridas sempre em alguma salina ou na praia do olho d’água, em frente à casa que um dia pertenceu a Mauro de Alencar Fecury, à direta de quem desce pela rua da igreja.

De nossa casa no Ipase saíamos eu, papai (Antonio José Muniz, Tote ou Dr. Muniz, como chamavam “O menino da ferrovia”), meu primo/irmão Durval, nossos vizinhos Fernando e Marcelo de Carvalho Silva, Meng, André Cajarana, seu Alcides, o genro dele Henrique (chamávamos ele de seu Keké), Raimundo, os irmãos Gilson Jaburú e Aquiles, os irmãos Robson e Roberto, Tanús Abdala (o boca de sapo), Braz, e um ou outro vizinho que se interessasse em participar, como eventualmente Carueira e Humberto do grupo Opção, samba e futebol, sobre o qual algum dia escreverei.

No caminho, parávamos na casa dele no Turú para encontrar com Murilo (era seu vizinho), Sarafa e Walter, irmãos de Lemir, Gel, Veloso e alguns outros daquela região. Bola carioca debaixo do braço, seguiamos para a praia para encontrar Zeca Azoline, Alim Maluf e Joaquim Haickel, para em seguida completarmos os times com alguns outros peladeiros de praia. Foi lá que ele viu despertar o meu talento para jogar no gol, vez que eu era a única criança a participar.

Tive a oportunidade de acompanhar o dia em que chegou a notícia de que se casaria com Lemir (meus pais foram padrinhos do casamento) e, mesmo de longe, vi nascer e crescer uma família linda (a beleza aqui por pura liberalidade textual, vez que papai sempre brincava com ele sobre Márcio, Mauro e Eduardo, retornando uma expressão que ele próprio cunhara para se referir a mim e ao meu irmão mais velho: Ô meninos feios). E pensar que ainda perfilhou de coração meu querido Wellington Ganso, tão feio quanto. Hehehe. Desculpem aí, primos queridos, mas não poderia perder a piada. Hehehe. Salvaram-se do conceito Marina, Nadjamara e Lemisse. Hehehe

Sempre muito irrequieto e ativo, coube a ele, juntamente com tio Ribamar quatro olho e tio Zequinha Buranga, assumir o comando do festejo de Carema quando vovó Hormígida passou a se dedicar apenas à parte religiosa da festa que depois passaria para o comando de Eliezer, filho de Buranga, Pingo e Marco Antonio, filhos de Tio Ribamar e Márcio Muniz, que hoje divide a atribuição com seu irmão Mauro. Merece registro o tamanho orgulho que ele tinha de fazer parte disso. Lembro dele levar os colegas da faculdade para prestigiar e participar do evento, como por exemplo meu querido Professor Afranio Weber Filho.

De sua participação ativa na comunidade aflorou a veia política que nos levou a uma belíssima campanha para Prefeito de Santa Rita em 1992 (proferi meu primeiro discurso em palanque no comício de encerramento na praça da prefeitura,  ainda acadêmico de Direito). Cruzavamos o Município ao som do jingle criado por nosso amigo Dorgival.

🎵Bonifácio Neto,
Para prefeito é esse que eu quero
O povo hoje necessita
De um bom prefeito para Santa Rita

É juventude, é dinamismo
Honesto e trabalhador
Ele é filho desta terra
Conhece os problemas melhor
Bonifácio Neto
O povo vê em você a solução
E por isso já escolheu
Tu serás o Prefeito no dia da eleição. 🎵

Para aqueles que sustentaram a tese de que perdemos, sempre afirmamos nossa vitória, o que muitos anos depois foi confirmado por quem tinha a obrigação de zelar pela lisura do pleito, mas que à época se omitiu ao sucumbir às pressões do sistema. Triste realidade de um tempo em que a comprovação do ilícito eleitoral era quase impossível, mesmo que a letra aposta nas cédulas eleitorais fosse a mesma, como bem mostramos eu e Evaldo, marido de Clécia, irmã de Bonifa.

Ainda que ele nao tenha sentado na cadeira de Prefeito, sua liderança, depois, foi confirmada e reafirmada quando da eleição e sucessivas reeleições do seu filho Márcio, afilhado de batismo de papai e mamãe, como Vereador de Santa Rita e das expressivas votações que sempre deu aos seus candidatos nas eleições proporcionais.

De invulgar capacidade analítica sobre o cenário eleitoral, era sempre consultado sobre a composição de grupos e coligações, para o que, vez ou outra, me chamava a opinar.

Carema nunca mais será a mesma. Em sua casa na voo livre restará o silêncio que tão significativa partida impõe. A casa cheia de compadres, comadres, amigos e correligionários não terá mais a mesma frequência para um café ou para degustar um peixinho, como aqueles que sua querida esposa e companheira sempre gostou de pescar, ou um suíno, carne que sempre contou com a sua preferência.

Viverás eternamente em nossos corações e nas recordações dos momentos felizes que vivemos juntos, responsáveis pelo mar de lágrimas que tenho derramado desde a tua prematura partida para o outro lado do caminho, nos dizeres de Santo Agostinho.

Por hora, te deixo na agradável companhia daqueles que sempre te quiseram bem, nossos avós José Bonifácio e Hormígida, teus pais Zé Gordo e tia Sesé, teus irmãos Norzinho e Nôca, tio Zé Carlos, tio Zequinha Buranga, tia Teresinha, Antônio Ribeiro, nosso primo Luis Carlos (a luz de Caremú), e tua comadre, minha querida mãe, Níusmar, somente para citar alguns.

Descanse na paz do nosso Sagrado Coração de Jesus, meu querido primo Bonifa. Algum dia haveremos de nos reencontrar.

2 Comments

  1. Wellington

    28 de março de 2024 at 01:30

    Quando o sangue é o que menos importa ! Fiilho , lugar que que sempre me coloquei. Mas mesmo que póstuma, a referência de um parente direto chancela a esse amor recíproco e verdadeiro .

    • Sergio Muniz

      28 de março de 2024 at 13:56

      Sei disso meu amigo

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