Justiça

Um grande julgador

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Eu estudei do maternal ao antigo terceiro ano científico, hoje ensino médio, no Colégio Dom Bosco do Maranhão. Ali eu tive sólida formação escolar, moral e religiosa. Ali também tive oportunidade de conviver com pessoas maravilhosas, das famílias mais tradicionais do nosso Estado. No CDB eu fui de atleta a líder estudantil, tendo sido um dos fundadores do grêmio escolar em substituição ao nosso Centro Cívico. Para tanto, estreitei relações com um jovem atleta como eu, Presidente do órgão substituído e em consequência também com um ex-aluno já então advogado. Refiro-me, respectivamente,  aos hoje Desembargadores Federais da 1a. Região Ney de Barros Bello Filho e Cândido Arthur Ribeiro. Com este último o contato se restringiu às reuniões para discutir o Estatuto do Grêmio, vez que ele era o advogado do colégio. Com o primeiro a convivência foi bem maior.

O Dr. Cândido Arthur foi logo depois aprovado no concurso de Juiz Federal. Ele era o Diretor do Foro quando eu estagiei na Justiça Federal. Promovido para Desembargador do TRF1, foi Corregedor e Presidente do Tribunal no período em que eu ocupei a função de Membro titular do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão na classe dos Juristas. Não o vejo a pelo menos 5 (cinco) anos.

Depois da fundação do Grêmio em 1986, já no ano de 1987 – meu terceiro ano -, Ney Bello foi aprovado para o curso de Direito e foi contratado pelo Colégio para ser meu professor (ele ainda dava aula de cabeça raspada). Em 1988 eu fui aprovado para o Curso de Direito, também na Universidade Federal do Maranhão. Fomos contemporâneos, portanto. Ele se formou e fez especialização em Direito Processual Civil na AEUDF de Brasília, curso que eu também acabei por fazer seguindo sugestão sua. Posteriormente, ele ainda fez Mestrado pela Universidade Federal de Pernambuco (se não me engano por sugestão do Professor José Cláudio Pavão Santana que também é mestre pela mesma Instituição), Doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina e Pós-Doutorado pela PUC do Rio Grande do Sul.

Nel Bello foi Promotor de Justiça e Procurador da República antes de se tornar Juiz Federal. Nesta última função foi Juiz Titular do TRE/MA por um biênio. Tudo isso sem deixar de lado sua paixão por lecionar.

Eu conheço Ney de Barros Bello Filho a mais de 31 (trinta e um) anos, portanto. Não tenho nenhum receio em afirmar que é um dos maranhenses mais preparados de sua geração. Fez carreira jurídica com invulgar brilhantismo e não por acaso se tornou, em 27 de junho de 2013, aos 44 anos, Desembargador do Tribunal Regional Federal da 1a. Região pelo critério do merecimento. Ney é um magnífico julgador, daqueles de quem dá gosto ler uma decisão, haja vista que do relatório ao decisum, passando pela fundamentação, o que se tem é uma verdadeira aula de aplicação do direito ao caso concreto.

Fiz questão de parar agora, depois de chegar cansado de uma viagem a trabalho, para registrar o respeito e admiração que tenho por sua qualidade como operador do direito e o faço por ter chegado a mim pelas redes sociais uma foto que em letras garrafais pergunta: “Quem é o Juiz que mandou soltar Geddel?”. Abaixo dela uma referência depreciativa a um fato passado em que o pai dele foi investigado por ações de Governo. Coincidentemente, a mesma foto publicada em um blog local de 2015 quando questionava, com a mesma referência, a soltura de um empresário. Fico revoltado com esse tipo de prática.

A atividade judicante do Des. Ney Bello nada tem a ver com a operação em que seu pai foi envolvido e não me recordo que ele tenha sido condenado. Ainda que tivesse sido, continuava nada tendo a ver uma coisa com a outra. Respeitem as pessoas e o seu trabalho. Tentar desmerecer a decisão dessa forma é um gesto de mau caráter. Eu mesmo li a decisão no HC do Geddel Vieira Lima e ela é irretocável.

Para a pessoa que perguntou “Quem é o Juiz que mandou soltar Geddel?” eu faço questão de responder. Ele é maranhense, faz 48 anos em 2017, é um Desembargador Federal, Pós-Doutor em Direito e é um dos maiores e mais preparados estudiosos do direito do nosso País. Um grande orgulho para o Maranhão. Um grande julgador brasileiro. 

3 Comments

  1. Pingback: É preciso respeitar o Poder Judiciário | Sérgio Muniz

  2. Anônimo

    7 de setembro de 2017 at 19:59

    E agora, Geddel?
    R$51 milhões de tapas na sociedade.

    • Sérgio Muniz

      8 de setembro de 2017 at 22:35

      Mas a decisão que soltou estava tecnicamente perfeita. Agora foi preso outra vez

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