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Uma parceria de sucesso

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Ainda muito pequeno eu descobri que era apaixonado por futebol. Nasci em uma família futebolística em que meu pai torcia e jogava com a mesma empolgação. Como tive asma até os 15 (quinze) anos, eu cansava muito rápido e sempre ia para o gol quando ficava com pouco ar. Papai sempre jogava aos sábados na praia do olho d’água e eu ia junto. Queria jogar mas era pequeno demais e por isso me colocavam sempre no gol. Foi assim que tudo começou. Aprendi a ser goleiro sozinho e a gostar de jogar no gol, o que me fez ganhar notoriedade na escola mesmo sem treinar no time do Colégio Dom Bosco do Maranhão.

Em 1984 estava eu assistindo a uma partida de Volley dos Jogos Estudantis Maranhenses, no Ginásio Costa Rodrigues, quando sentou ao meu lado o Professor de Futsal do Colégio. Ele comentou que tinha uma boa equipe, mas que tinha perdido porque seu goleiro não esteve bem. Naquele dia ele me convidou a treinar Futebol de Salão. Assim, em 1985, antes mesmo de fazer 15 (quinze) eu pisei pela primeira vez na pequena quadra de cimento do Colégio Dom Bosco do Maranhão da Rua do Passeio, no Centro da Cidade de São Luís, para treinar futebol. Foi um ano de grande aprendizagem e Coqueiro se empenhou em me passar os fundamentos que eu deveria ter recebido desde a infância. Devo-lhe minha formação básica no esporte.

Na semana em que se iniciaram os jogos, Coqueiro telefonou para o Professor Roberto Brito, então técnico da Seleção Maranhense, e o convidou para assistir o Dom Bosco jogar (Roberto me disse depois que ele afirmou que levaria um goleiro espetacular, como ele jamais vira no Maranhão). Ficamos em terceiro lugar naquele ano ao perder por 2 x 1 para a equipe do Colégio Coelho Neto na semi-final. Ganhamos o compromisso da Direção do CDB de que teríamos uma estrutura melhor de treinamento para o ano seguinte (passamos a treinar no Ginásio do Clube do Ipem e tivemos todo o equipamento  necessário para a preparação de uma equipe) e eu fui convocado pela primeira vez para defender as cores do meu Estado. Naquele ano fui convocado pela primeira vez para a Seleção Maranhense, a qual defendi orgulhosamente por 10 (dez) anos, até deixar o esporte precocemente aos 26 (vinte e seis). Foi um período maravilhoso que me levou a ser o melhor goleiro estudantil do Brasil, em 1987. Nada disso teria acontecido se Coqueiro não tivesse lapidado a pedra bruta que lhe caiu nas mãos e eu soube retribuir.

Em 1986 nós chegamos pra arrebentar. Coqueiro montou uma grande equipe. Fomos campeões em uma final antológica contra o Colégio Maristas decidida nos pênaltis. Nunca mais vou esquecer a invasão da quadra pela torcida que lotava as arquibancadas do Costa Rodrigues. Fomos carregados nos ombros numa explosão de felicidade jamais vista. Comemoramos em grande estilo num show do Kid Abelha que aconteceu naquele mesmo dia, com meu parceiro Marlos tomando cerveja de canudinho depois de ter a boca quebrada por uma cotovelada que recebeu na final. Hehehe.

No aniversário de 50 (cinquenta) anos de fundação do Colégio Dom Bosco do Maranhão tivemos  a oportunidade de reviver a final de 1986. Jogamos no Ginásio do Dom Bosco Renascença e presenteamos o CDB com um quadro contendo a camisa comemorativa do evento.

No ano seguinte consolidamos a hegemonia do Colégio Dom Bosco no Futebol de Salão com o bi-campeonato. Vencemos a antiga Escola Técnica Federal, hoje IFMA. Dos 5 (cinco) titulares do CDB, quatro eram da Seleção Maranhense e destes, três eram titulares (eu, Marlos e e Márcio Luis, o Jupira).

Enquanto treinamos juntos Coqueiro venceu. No campeonato de clubes estivemos em lados opostos e ele não teve a mesma sorte. Hehehe. Só ganhou o campeonato que eu não disputei. Hehehe. Mesmo assim, ele formou grandes times no seu Cruzeiro do Anil. Contudo, aqueles eram os tempos áureos do Dragão Futebol de Salão, time pelo qual eu fui multicampeão, mas essa será uma outra estória.

Neste final de semana eu me reuni outra vez com Coqueiro para por em prática um projeto de ensinar um grupo de crianças sub-10 a jogar Futsal. Queremos passar a elas os fundamentos básicos do esporte e despertar-lhes, na quadra, a alegria que tínhamos, na infância, nos terrões de várzea, nas salinas, ruas e até nas praias. Dentre essas crianças estava Sérgio filho. Tenho certeza que Coqueiro fará por ele  e pelos demais o que fez por mim. Muito obrigado por ter aceito o convite. Que surjam daí novos campeões.

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  1. Pingback: Não basta ser pai | Sérgio Muniz

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