Justiça

A bomba era um estalinho

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Depois da divulgação dos áudios da conversa do Presidente Michel Temer com o Executivo do grupo JBS Friboi fiquei me perguntando o que teria ele (o Presidente) negado para a Globo e para a Veja para justificar o tamanho escândalo lesa-pátria que elas promoveram.

Pior.

Após constatar que os diálogos não demonstravam nada, a Globo passou a dizer que o Presidente não poderia aceitar as revelações feitas pelo executivo vez que nestas ele dizia ter cooptado dois juízes e um promotor. Pergunto eu: quais juízes e qual promotor? Não houve declinação de nomes.

O que se tem é um dos maiores empresários brasileiros buscando uma solução para um problema empresarial para o que recebeu a sugestão de um nome que poderia ajudar a resolver. Em seguida o empresário fica puxando conversa, dizendo o que tem feito para se defender em uma investigação em curso e o máximo que recebe é um conselho para tomar cuidado para que suas ações não fossem interpretadas como obstrução da justiça.

Apenas isso. Vejamos a degravação do áudio:

Transcrição

Joesley Batista: Queria primeiro dizer: estamos junto aí. O que o senhor precisar de mim, viu, me fala. Queria te ouvir um pouco, presidente. Como tá nessa situação toda, Eduardo, não sei o que, Lava Jato.

Michel Temer: O Eduardo resolveu me fustigar. Você viu que… Eu não tenho nada a ver com a defesa. O Moro indeferiu 21 perguntas dele que não tem nada a ver com a defesa dele. Era pra amedrontar. Eu não fiz nada [inaudível] no Supremo Tribunal Federal. [inaudível] Ele está aí, rapaz… É… [inaudível]

Joesley: Eu queria falar assim. Dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo, o que tinha de alguma pendência daqui para ali, zerou tudo. E ele foi firme em cima e já estava lá, veio, cobrou, tal, tal, tal. Pronto. Acelerei o passo e tirei da fila. [Inaudível] O outro menino, companheiro dele que tá aqui, né? [Inaudível] O Geddel sempre estava… [barulho] O Geddel é que andava sempre ali, mas o Geddel também, com esse negócio, eu perdi o contato porque ele virou investigado, agora eu não posso, também…eu não posso encontrar ele.

Temer: É, cuidado, vai com cuidado. [inaudível] Não parecer obstrução da Justiça [inaudível].

Joseley: Agora… o negócio dos vazamentos. O telefone lá [inaudível] com o Geddel, volta e meia citava alguma coisa meio tangenciando a nós, e não sei o que. Eu estou lá me defendendo. Como é que eu… o que é que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora. Eu tô de bem com o Eduardo, ok…

Temer: Tem que manter isso, viu… [Inaudível]

Joesley: Todo mês. Também. Eu estou segurando as pontas, estou indo. Esse processo, eu estou meio enrolado aqui no processo [inaudível]…

Joesley: É investigado. Eu não tenho ainda denúncia. Então, aqui eu dei conta de um lado do juiz, então eu dei uma segurada, do outro lado do juiz substituto que é um cara que ficou…

Temer: Está segurando os dois…

Joesley: É, estou segurando os dois. Então eu consegui um delator dentro da força tarefa que também está me dando informação. E lá que eu estou para dar conta de trocar o procurador que está atrás de mim. Se eu der conta tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar e tal, e o lado ruim é que se vem um cara com raiva, com não sei o quê.

Temer: [Inaudível].

Joesley: O que está me ajudando, tá bom, beleza. Agora, o principal… Tem o que está me investigando. Eu consegui colar um no grupo. Agora eu tô tentando trocar…

Até mesmo o “tem que manter isso, viu…” , tão alardeado desde ontem não prova nada vez que ligado à frase do empresário de que estava bem com o Eduardo.

Fico triste em ver um sensacionalismo como este fulminar todo o esforço feito para reagir à crise. A mídia contra o País e um delator que faz uso da delação para lucrar é o fim da picada (circula na blogosfera que a Friboi comprou em baixa milhares de dólares por saber que eles entrariam em alta com o escândalo).

Um absurdo isso.

O Brasil parou por causa de uma bomba que não passava de um estalinho.

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