Justiça

A casa caiu

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Na Chicago dos anos 30, um agente federal chamado Eliot Ness, vivido por Kevin Costner, tenta limpar cidade e acabar com o rosário de crimes praticado por Al Capone, vivido por Robert de Niro. Para tanto conta com a ajuda de valorosos servidores, dentre eles o policial Jim Malone, vivido pelo grande Sean Connery, e o agente George Stone, vivido por Andy Garcia. Por não conseguir provar que Capone era chefe do trafico de bebidas, jogos e mandante de vários crimes, consegue, ao prender seu contador, a comprovação de sonegação fiscal com a qual o leva a julgamento. Ao descobrir que o corpo de jurados havia sido comprado, consegue a troca de jurados e finalmente a condenação. Essa maravilhosa película chamava-se “os intocáveis” e tinha ainda a espetacular música de Ennio Morricone (autor de trilhas de filmes como três homens em conflito (o bom, o feio e o mau) e Era uma vez no Oeste). Qualquer semelhança é mera coincidência.

A vida imita a arte? talvez. Mas o que se viu hoje com a decisão do Juiz Sérgio Moro de condenar o ex-Presidente Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ainda que pareça enredo de filme, tem fundamentação suficiente a obter um mínimo de credibilidade. Este blog não acreditava na condenação nesse processo, mas sim no do sítio de Atibaia. Contudo, parece que desta vez os intocáveis conseguiram mais que delações premiadas. A sentença está alicerçada em provas testemunhais, documentais e periciais, assim eu soube. Se uma se soma a outra para constituir um todo suficiente a ser mantida em grau de recurso somente o tempo e a livre apreciação da prova, por quem terá atribuição para fazê-lo, poderá dizer. Não costumo opinar em processo sentenciado se não conheço a prova produzida.

Dentre tantos crimes praticados contra as finanças brasileiras, muitos dos quais atribuídos a integrantes do Partido dos Trabalhadores, é difícil acreditar que o ex-Presidente deles não tivesse sequer conhecimento. Contudo, não acreditar é uma coisa e outra é produzir prova suficiente para levar a uma condenação. Parece que os intocáveis ainda não conseguiram prova suficiente da participação efetiva em muita coisa, nem mesmo de tudo o quanto dito pelos executivos da Odebrecht ou pelo mundialmente famoso Joesley Batista que afirmou ter doado ao ex-Presidente, fora do Brasil, mais de 100 milhões. Na falta disso obtiveram elementos para convencer o Juiz Moro de que o Triplex do Guarujá seria propina paga pela OAS, consoante delatado pelo titular da empresa.

Nunca concordei em falarem que “Lula não sabia de nada”. Ele nunca sabia. Para mim sempre foi a defesa mais pobre que poderia ser adotada. Tenho já a sentença e vou estudá-la a fundo. Certamente será um momento de grande aprendizado sobre como condenar ou sobre como não se defender a contento. Por enquanto, resta-me apenas uma certeza: o apartamento ruiu ou poderia dizer que o castelo de areia desmoronou ou, ainda, que a casa caiu. A escolha é sua.

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