Verdadeiramente uma das coisas mais bisonha que já se viu na história do parlamento brasileiro. O protesto feito pelas senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), Ângela Portela (PT-ES), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Lídice de Mata (PSB-BA), Regina Sousa (PT-PI) e Kátia Abreu (PMDB-TO) foi uma das maiores agressões já vistas a um Poder Legislativo no mundo e se constitui em um ato deliberado que configura quebra do decoro parlamentar a ensejar a cassação do mandato das mencionadas senhoras. Nunca se viu algo tão estapafúrdio.
Não que a postura delas fosse exemplar naquela Casa Legislativa. Nunca foi. Contudo, ocupar a Mesa do Senado, impedir que o Presidente e demais integrantes tomassem assento para trabalhar e ainda por cima se alimentarem sobre a Mesa foi a gota d’água que gerou a reação mais que justa dos demais Senadores e do Próprio Presidente que em dado momento se viu forçado a determinar o corte dos microfones e da própria energia elétrica do Plenário.
É certo que o Regimento prevê que havendo quorum a sessão pode ser aberta por qualquer Senador, no horário previsto para seu início, o qual passa a presidência dos trabalhos para quem de direito assim que este se apresenta na Casa. Não foi o que ocorreu. Elas abriram a sessão e permaneceram ocupando a Mesa no claro intuito de impedir o desenvolvimento dos trabalhos referentes à reforma trabalhista. Quando finalmente o Presidente conseguiu retomar o lugar na Mesa e reiniciar a Sessão foi que se soube que o objetivo primeiro seria tumultuar como já haviam feito nas Comissões e num segundo momento conseguir aprovar um dos destaques para que o projeto retornasse à Câmara, impedindo assim a reforma trabalhista. É certo que no parlamento é garantido às minorias obstruir, mas não bagunçar.
Com os debates, o que se viu em seguida foram agressões direcionadas até mesmo à honra de outros Senadores que apoiavam as reformas, mas foi quando Marta Suplicy fez uso do microfone por ter sido citada é que se tomou conhecimento efetivo do ardil posto em prática. Esclareceu a Senadora que a questão referente às mulheres ocuparem postos insalubres havia sido solicitada por enfermeiras e médicas de neonatal e que o assunto foi discutido com as Deputadas Federais. Disse ainda que convidou as Senadoras rebeldes para a reunião, tendo recebido como resposta que elas não queriam nem ouvir e nem discutir o assunto, mas tão somente causar o retorno do projeto à Câmara, impedindo assim a aprovação da reforma. Não estão nem aí se a reforma é boa ou ruim para os trabalhadores brasileiros ou se tem ou não avanços. O que queriam na verdade, na opinião deste blog, era impedir o fim da contribuição sindical obrigatória. Uma pena.
Tomara que isso nunca mais volte a ocorrer no Parlamento e que essa imagem que ilustra este artigo, de Senadoras comendo na Mesa diretora dos trabalhos, fique apenas no passado. Quanto ao ato de ocupação e todos dele decorrentes, que o Conselho de Ética recomende a punição devida para a indiscutível quebra do decoro Parlamentar. Essas senhoras não tem a postura necessária para exercer um mandato.
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