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Homenagem

Maranhão Alfabetizado com Brandão e Camarão

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Por catorze longos anos eu me desloquei do Conjunto Ipase, na Avenida Daniel de La Touche até o Colégio Dom Bosco do Maranhão situado na Rua do Passeio, no Centro de São Luís, capital do estado do Maranhão. Me considero um privilegiado por ter podido estudar nessa conceituada instituição de ensino, fruto do incomensurável esforço dos meus pais em proporcionar a mim e a meus irmãos um ensino de qualidade. Lá fui alfabetizado (no Jardim de Infância Pequeno Polegar), cresci, me tornei atleta, fui referência para os mais novos, fiz amigos para uma vida e que me acompanham até hoje. Me preparei para o vestibular e graças a tudo isso me tornei a pessoa e o profissional que sou hoje.

Toda a oportunidade que tive de estudar, contudo, não me afastou das minhas origens. Filho de um homem do interior do Estado que venceu em decorrência de sua dedicação aos estudos, cresci viajando para nossa querida Carema em Santa Rita (MA) e depois para mais de cinquenta municípios do nosso Estado em decorrência da minha profissão: sou Advogado.

Perdi a conta de quantas vezes me perguntei a razão de tanta miséria em um Estado tão rico e abençoado por Deus.

Nunca consegui me conformar com as incontáveis casas de taipa cobertas de palha e com a desigualdade social que assolava o Maranhão. Me via tendo a oportunidade de estudar num bom colégio da capital enquanto meus primos, na sua grande maioria, só vinham estudar na cidade no segundo grau. Sonhava algum dia poder ajudar a mudar essa realidade e cheguei a tentar em 2013 quando me lancei candidato a Deputado Federal. Por uma conjuntura política que se mostrou desfavorável acabei por não me eleger. Entretanto, me mantive firme no propósito de reverter aquela situação e ajudei a fazê-lo conversando com meus clientes políticos, apontando-lhes a importância do povo morar bem, comer bem e estudar bem. Acredito ter obtido êxito, mesmo que toda a limitação das minhas possibilidades.

Nos últimos tempos, tenho acompanhado com muita atenção o surgimento de programas habitacionais e a instituição de políticas voltadas para a alimentação e educação. Se o minha casa/minha vida e o habitar Brasil já melhoraram a habitação de tantos, o PRONAF a produção de alimentos e consequentemente a alimentação de muitos, o Fundef, hoje FUNDEB, EJA (Educação de Jovens e Adultos), PNAE (Programa Nacional de Alimentação do Escolar, PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola), Programa de Creches e tantos outros têm mudado a realidade da educação no Brasil. Eles permitem a chegada dos menos favorecidos à Universidade onde o Ensino Superior ocorre nas universidades públicas, IFMAs e ainda nas universidades particulares mediante custeio através do Fies e Prouni. Em muitos lugares, nada ou quase nada disso funciona, mas no Maranhão tem sido diferente. Já tem algum tempo que a política educacional do Estado foi confiada a um jovem e técnico educador, o hoje Vice-Governador do Estado, Felipe Camarão.

Desde 1965, quando o então Governador José Sarney lançou o Programa Educacional João de Barro que prometia uma Sala por dia, um Ginásio por mês e uma Faculdade por ano não se tinha um programa educacional tão exitoso quanto o escola digna e as escolas em tempo integral que se pretende fazer chegar já a 108 municípios. De parabéns o Governador Carlos Brandão pela determinação em educar cada vez mais.

Hoje tomei conhecimento, através de uma entrevista do Vice-Governador e Secretário de Estado da Educação Felipe Camarão à TV Mirante que o Maranhão foi o Estado brasileiro que mais evoluiu na alfabetização de crianças saltando da 24 para a 10 posição no ranking nacional e que é objetivo do Governador erradicar o analfabetismo do nosso Estado. Considerando que o Vice-Governador deverá assumir o comando do Estado por nove meses e depois ser eleito Governador (esta seria a sequência natural dos fatos na hipótese do Governador Carlos Brandão pretender se candidatar à Senador da República em 2026), a perspectiva em atingir a meta é extremamente factível.

Depois de dois meses da minha cirurgia de urgência, me permiti acompanhar meus dois filhos menores a uma lanchonete que a mais de vinte anos faz parte da minha vida. Reis lanches no Olho d’água e Mister Burguer no Barramar fazem os melhores sanduíches da cidade. Não bastasse a qualidade do preparo ainda contam com o melhor pão de sanduíche do Estado, o qual é produzido pela Panificadora Gabi. Hoje fomos ao Reis Lanches. Enquanto aguardávamos a chegada do nosso pedido adentrou o estabelecimento o nosso Vice-Governador Felipe Camarão. Nunca tive proximidade com ele, até mesmo por nunca ter tido a oportunidade de ser apresentado a ele e de conversarmos alguns minutos que fossem sobre o Maranhão. Em dado momento, lhe pedi para bater uma foto com meus filhos e com a equipe do Reis lanches, no que ele prontamente atendeu.

 

Vice-Governador Felipe Camarão ladeado por Sérgio Filho, Sérgio Henrique, Sérgio Muniz e equipe da Reis Lanches

Na foto que ilustra esta singela homenagem se vêm duas crianças que representam os estudantes maranhenses, beneficiários diretos do trabalho dele e do Governador Carlos Brandão – meus filhos Sérgio Henrique e Sérgio Filho -, o Vice-Governador Felipe Camarão, dois membros da equipe da Lanchonete Reis Lanches e eu, de chapéu, um agradecido maranhense que tem visto seu sonho se tornar realidade.

Muitíssimo obrigado pelo relevante trabalho em favor da educação do Maranhão. Desejo sinceramente que a evolução ocorra cada vez mais até alcançar cem por cento do objetivo traçado: um Maranhão alfabetizado, com Brandão e Camarão.

Sou Sérgio Murilo de Paula Barros Muniz, professor especialista livre docente em Direito Processual Civil pela AEUDF de Brasília-DF, hoje Universidade Cruzeiro do Sul. Mestre em Direito e Afirmação de Vulneráveis pela Universidade CEUMA, advogado, Membro Titular do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão de 2009 a 2013, Classe dos Juristas. Membro do Colégio Permanente de Juristas Eleitoralistas do Brasil-COPEJE, Membro Consultor da Comissão Especial de Direito Eleitoral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Membro da Comissão de Advocacia Eleitoral da OAB-MA, Vice-Presidente do Observatório do Poder Judiciário da OAB-MA e Presidente da Comissão de Transparência e Combate à Corrupção da OAB/MA.

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Homenagem

O filho da promessa

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Em 2017 tive a oportunidade de escrever o texto “Ao Sagrado Coração de Jesus “, o qual viria a atualizar em 2019. Nele narro como se deu o surgimento do festejo de mesmo nome que é realizado em Carema todo mês de julho. Dizia eu àquela época:

“Dos oito filhos que tiveram (José Bonifácio e Hormígida), quatro já haviam nascido com grande dificuldade e muitas dores. Eram eles Sebastiana (Cecé), José Carlos, Theresinha de Jesus e Benedita (Bindoca). Após engravidar do quinto filho em 1937, D. Hormígida se entregou de vez à fé no Sagrado Coração de Jesus e fez a promessa de que se tivesse um parto normal e sem grandes dores, todos os anos lhe renderia homenagem mandando celebrar uma missa na capela que haveria de mandar construir e fariam uma grande Festa. Suas preces foram atendidas. O bebê, que recebeu o nome de José Ribamar, nasceu em 27 de julho de 1938 de um parto tranquilo, assim como todos os outros que vieram depois: José Bonifácio Filho (Zequinha Buranga), Raimunda (Dica) e Antonio José (Tote). Começava assim uma tradição que em 2019 ( quando atualizo este texto escrito em 2017) alcança 80 (oitenta anos) anos. Sempre no último sábado do mês de julho o Povoado Carema, edificado às margens da Ferrovia São Luís-Teresina, no município maranhense de Santa Rita, recebe o maior evento religioso da região, o festejo em homenagem ao Sagrado Coração de Jesus. Sim, neste ano a criança cujo nascimento ensejou a promessa, Ribamar Muniz, faz oitenta e um anos e o festejo oitenta, recaindo o último sábado de julho desta feita na data do seu aniversário.”

Ribamar cresceu. Tinha uma deficiência visual que lhe fez usar óculos desde muito cedo, o que acabou por lhe render o apelido que o acompanhou por toda a vida: Ribamar quatro olho.

Sempre muito comunicativo, mas de jeitinho manso, conquistava a todos com seu sorriso largo. Tinha muitos amigos e em decorrência dessas amizades, muitos compadres. Sempre me impressionava a quantidade de pessoas que se aproximavam dele e o cumprimentavam chamando-o de compadre.

Me acostumei a vê-lo andando de um lado para outro, de bicicleta ou, depois, de motocicleta, meio de transporte que ele tanto apreciava. Visionário, montou um comércio no bairro céu azul, entre Carema e a Sede de Santa Rita, consciente de que ali prosperaria, haja vista que seria natural o crescimento da cidade ao longo da Avenida General Rivas. Inúmeras vezes o via sentado no balcão de madeira aguardando seus clientes e amigos.

Sua enorme popularidade lhe rendeu vários mandatos de Vereador, tendo se tornado o decano da Câmara Municipal.

Neste ano de 2025, ele completaria 87 (oitenta e sete anos) e a data recairia no último final de semana de julho, por ocasião do festejo do Sagrado Coração de Jesus, evento criado em homenagem ao Pai pelo nascimento de um filho chamado José.

Na data de ontem, 18 de abril de 2025, ele descansou. Coincidentemente no mesmo dia em que Jesus Cristo entregou o seu espírito ao criador pela remissão dos pecados da humanidade.

Abençoada foi vovó Hormígida com teu nascimento. Abençoado foste tu, Ribamar, no momento do teu descanso. Foste grande durante a vida, muito maior na hora da morte. Agora estás do outro lado do caminho, de onde ajudarás a encaminhar os teus.

Siga a luz, meu tio. Santa Rita jamais esquecerá José Ribamar Muniz, o Ribamar quatro olho, o filho da promessa.

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Homenagem

Navegar é preciso

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Dizem que quando alguém gosta de resolver os problemas dos outros ele se torna advogado. Acredito que seja verdade. Não me recordo de outro motivo que me tenha trazido até aqui. Cada vez que presenciava uma injustiça, lá estava eu partindo em socorro.

Me formei Bacharel em Direito em 1993 e logo em seguida ingressei na Ordem dos Advogados do Brasil. Ano seguinte, partia eu para Brasília acalentando o sonho de melhor me qualificar para exercer a profissão que me escolheu. Sim, eu poderia ter sido jogador de futebol, médico, engenheiro, arquiteto, enfim, o que quisesse, mas desde muito cedo eu sentia que algo me dirigia para a advocacia e continuo hoje sendo advogado. Contudo, foi no Planalto Central que encontrei, além da qualificação profissional, um amor incondicional pelo mar. Ali descobri uma música dos poetas Nonato Buzar e Paulinho Tapajós (o mesmo autor de “andanças”, imortalizada na voz de Beth Carvalho) chamada Olho D’água, cantada com excelência pela maranhense Alcione.

Me acostumei a ouvir essa música sempre que saia do Olho d’água onde morava e hoje outra vez moro, seguindo pela Avenida Litorânea, cartão postal da nossa cidade São Luís do Maranhão. Na proa, a esperança de vencer na vida; na popa uma retaguarda que me garantia lutar pelos meus sonhos; a boreste, na linha do horizonte do mar do Maranhão, os navios que me acostumei a ver. Incrível como não se percebe a importância deles para o mundo. O transporte marítimo e o ferroviário são fundamentais para a economia mundial, dado seu baixo custo (e pensar que o Maranhão possui um modal completo formado por estradas, aeroporto internacional, ferrovias e um dos portos mais profundo do mundo, o Porto do Itaqui, sem contar o centro de lançamento de foguetes de Alcântara. Com tudo isso e mais terras férteis, índice pluviométrico alto e regular, segundo maior rebanho bovino do Nordeste, somos um dos Estados mais pobres do Brasil. Como pode?

Voltando ao mar, aos navios e aos portos, eles são responsáveis pela maior quantidade de carga deslocada no mundo. Em que pese o porto de Xangai, na China, Roterdã na Holanda e Itaqui, no Maranhão, serem aqueles que recebem os maiores graneleiros do mundo, apenas Xangai e Roterdã figuram entre os 10 (dez) maiores e mais movimentados (sete deles ficam na China, sendo o maior o de Xangai, um na Coreia do Sul, outro em Roterdã, na Holanda, e o outro em Singapura). O Porto do Itaqui figura entre os 10 maiores do Brasil.

A importância desse segmento para a economia mundial é enorme. Remonta séculos quando os fenícios (hoje libaneses) dominavam o comércio marítimo. Envolvidos diretamente na viabilização desse tipo de navegação estão a marinha mercante, a praticagem e os rebocadores, sem contar incontáveis trabalhadores que, com sua atividade operacional, fazem a roda girar. São bilhões de dólares envolvidos e milhões a cada operação.

De importância singular nesse contexto, a marinha mercante é o ramo civil da marinha que atua no comércio marítimo, conduzindo pessoas e cargas em navios de carga, navios-tanque e navios de cruzeiro. A praticagem é responsável pela condução dos navios até o porto. Eles figuram como “agentes do Estado” responsáveis por conduzir as embarcações e as cargas, em segurança, pelos canais, até a atracação nos portos e depois sua condução até mar aberto. Seja num porto fluvial ou marítimo em que atraquem grandes embarcações, ali estará um prático. Sem eles o navio não atraca. Por fim, os rebocadores atuam puxando (rebocando) os navios e auxiliando na sua atracação. A responsabilidade deles nesse processo é surreal e não por acaso, ascender à condição de Prático, demanda anos de preparação, fluência em línguas e muita determinação.

Meu filho do meio, Sérgio Murilo Filho, está iniciando o segundo ano do ensino médio. Prestou o ENEM como treinier em 2024, se saindo muito bem para uma primeira experiência. Atingiu 940 na redação e obteve quase 700 pontos nos demais conjuntos de prova. Está, portanto, no caminho certo. A fase, hoje, é de conhecer profissões e melhorar os resultados das provas.

Muitos anos atrás, conheci e me tornei amigo de um marinheiro mercante que tinha adquirido uma casa próximo da minha em um condomínio fechado aqui de São Luís. Nas nossas conversas ele me revelou o sonho de, algum dia, fazer o concurso para prático. Nos conhecemos em 2004. Desde os idos de 95/96 ele tinha ingressado na marinha mercante, já havia viajado parte do mundo quando, em 2008, aconteceu o concurso e ele foi aprovado. Se preparou por cerca de 13 anos para um concurso que não tinha data para acontecer. Ele é um dos 29 (vinte e nove) que integram a APEM (Associação dos Práticos do Estado do Maranhão), uma instituição que além de congregar os profissionais da área, ainda desempenha um relevante papel social junto às comunidades carentes.

Esta semana meu amigo recebeu a mim, minha esposa e meu filho para uma explanação sobre a sua importantíssima profissão. Ficamos maravilhados com a exposição, a importância da profissão, com a estrutura da Associação e a qualificação dos profissionais que a compõem. Posso testemunhar, sem medo de errar, que o Maranhão e o Brasil possuem um quadro de práticos dos melhores disponíveis no mercado, os quais se mantém atualizadissimos, dentre outras coisas, através do simulador de operação de praticagem, dos mais modernos existentes no mundo. Um orgulho de ver.

Aos membros da APEM nosso muito obrigado pela recepção e orientação. Quanto a você, amigo querido, faltam palavras para agradecer. Um dia, o prático Almir se dispôs a tirar suas dúvidas e lhe permitiu sonhar. Você correu atrás do sonho e o alcançou. Obrigado por nos apontar o norte, a proa de um novo amanhã. Espero, algum dia, poder retribuir, palestrando para sua filha sobre a minha profissão.

Hoje posso afirmar, sem a menor dúvida, que para movimentar a economia do mundo, para um País crescer, não adianta complicar. Para desenvolver, navegar é preciso.

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Homenagem

Guerreira da tribo Tupi.

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“Quem me dera ao menos uma vez ter de volta todo o ouro que entreguei a quem conseguiu me convencer que era prova de amizade se alguém levasse embora até o que eu não tinha”.

Em que pese a estrofe inicial de índios, música icônica da Banda brasileira Legião Urbana, aponte para uma situação de arrependimento que teria ocorrido por ocasião do descobrimento (fato nunca reconhecido), melhor seria se refletisse uma insurgência contra o domínio a partir de então imposto, verdugo da liberdade vivida. Sentença de submissão consequente. Não viveríamos, em tese, sob o jugo da indicação da força pela ocupação de posição.

Lembro que nos meus estudos secundaristas, tínhamos Tupi, Tabajara, Guarani, e outras tribos guerreiras, chamadas Timbiras. Quisera tupã que a recepção dos visitantes não fosse apresentada em gentileza, mas em resistência. Talvez assim não se deixassem aqui os bandidos e condenados, mas homens honrados para lutar pela terra, em vez de negociantes, embrião das negociatas de hoje.

Em Y juca pirama (aquele que deve morrer), Gonçalves Dias narra a história do valoroso guerreiro Tupi que , temente pela morte do pai cego, pleiteia pela sobrevivência, para dele cuidar. É rejeitado ao sacrifício por ser considerado indigno ante sua fraqueza. Retornando ao convívio paterno, este os faz retornar aos Timbiras, pois a tradição do vencido era servir de pasto aos vencedores. Eis que célebre se torna o trecho:

«”Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de via Aimorés.
“Possas tu, isolado na terra,
Sem arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz,
Ser das gentes o espectro execrado;
Não encontres amor nas mulheres,
Teus amigos, se amigos tiveres,
Tenham alma inconstante e falaz!
“Não encontres doçura no dia,
Nem as cores da aurora te ameiguem,
E entre as larvas da noite sombria
Nunca possas descanso gozar:
Não encontres um tronco, uma pedra,
Posta ao sol, posta às chuvas e aos ventos,
Padecendo os maiores tormentos,
Onde possas a fronte pousar.
“Que a teus passos a relva se torre;
Murchem prados, a flor desfaleça,
E o regato que límpido corre,
Mais te acenda o vesano furor;
Suas águas depressa se tornem,
Ao contacto dos lábios sedentos,
Lago impuro de vermes nojentos,
Donde fujas com asco e terror!
“Sempre o céu, como um teto incendido,
Creste e punja teus membros malditos
E oceano de pó denegrido
Seja a terra ao ignavo tupi!
Miserável, faminto, sedento,
Manitôs lhe não falem nos sonhos,
E do horror os espectros medonhos
Traga sempre o cobarde após si.
“Um amigo não tenhas piedoso
Que o teu corpo na terra embalsame,
Pondo em vaso d’argila cuidoso
Arco e frecha e tacape a teus pés!
Sê maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és.”

Mostra de valor na derrota se apresenta. Aquele que tomba, em seu canto de morte, suas glórias apresenta, para, com satisfação, de repasto se revista.

Já não se tem mais honra. A parvidez dos atos alcançam aplausos, mesmo que ocultos em promessas vis de lealdade.

Ao longo dos últimos anos, vi deputados estaduais sendo mantidos a pão e água e quando são tratados à base de vinho e caviar, mostram sua essência vassala, sindrômica, leal a quem os oprimiu. Síntese de coronelismo, enxada e voto, evolução, ou não?

Numa grita de – “eu estou aqui” – por interpostas pessoas ( quem já deveria ter entendido que a página virou, parece que não entendeu), se gravou uma das mais deploráveis cenas do filme político do Maranhão (e ainda se acha quem aplauda tamanho descalabro).

Se não fosse trágico, seria cômico.

A reunião na Presidência com a presença de parte dos oposicionistas, demonstrou que não existe limite pra desfaçatez. A presença parda do lado negro da força se mostrou entre saias e calças, deixando claro que o “ou dá ou desce” e o “deixa que aqui eu garanto” estão longe do obrigado por lutar comigo.

Findo o certame, venceu o texto e o contexto. Se firme no compromisso, encontraram no texto escrito a solução para o conflito. Venceu quem tinha contexto.

No final, ainda que atingida pela luta pelo poder, coube a quem de direito balbuciar a palavra final: venci.

Rememorando o canto indigenista, diria:   Alarma! alarma! – O velho pára!
O grito que escutou é voz do filho,
Voz de guerra que ouviu já tantas vezes
Noutra quadra melhor. – Alarma! alarma! Esse momento só vale a pagar-lhe. Os tão compridos trances, as angústias,
Que o frio coração lhe atormentaram
De guerreiro e de pai: – vale, e de sobra.
Ele que em tanta dor se contivera,
Tomado pelo súbito contraste,
Desfaz-se agora em pranto copioso,
Que o exaurido coração remoça.
A taba se alborota, os golpes descem,
Gritos, imprecações profundas soam,
Emaranhada a multidão braveja,
Revolve-se, enovela-se confusa,
E mais revolta em mor furor se acende.
E os sons dos golpes que incessantes fervem,
Vozes, gemidos, estertor de morte
Vão longe pelas ermas serranias
Da humana tempestade propagando
Quantas vagas de povo enfurecido
Contra um rochedo vivo se quebravam.
Era ele, o Tupi; nem fora justo
Que a fama dos Tupis – o nome, a glória,
Aturado labor de tantos anos,
Derradeiro brasão da raça extinta,
De um jacto e por um só se aniquilasse.

Basta! Clama o chefe dos Timbiras,

Basta, guerreiro ilustre! Assaz lutaste,

E para o sacrifício é mister forças. –
O guerreiro parou, caiu nos braços
Do velho pai, que o cinge contra o peito,
Com lágrimas de júbilo bradando:
“Este, sim, que é meu filho muito amado!

Lutaste a derradeira batalha. Não sucumbiste aos verdugos timbiras e nem ao lado negro da força.

Prevaleceste, Iracema. Guerreira. Certamente descendente de uma nobre tribo. Guerreira da tribo Tupi.

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