Connect with us

Variedades

A loba e o surdo

Published

on

Certamente alguns leitores nacionais haverão de dizer que sou bairrista, ou mesmo outros, levados pela discriminação aos nordestinos, poderão dizer que estou errado. Contudo, paixões regionalistas a parte devo dizer que, na minha opinião, Alcione é a maior cantora do Brasil. Digo isso não somente pela voz marcante, mas pela qualidade do repertório que soube escolher e que lhe garantiu a notoriedade além fronteiras que conquistou. Ela é, sem dúvida ou falsa modéstia, uma força da natureza.

Nascida Alcione Dias Nazareth, a filha do músico e posterior maestro da banda da Polícia Militar do Maranhão João Carlos, desde cedo mostrava ser um prodígio e sua inclinação para o sucesso. Multi-instrumentista, ganhou o Maranhão com sua voz espetacular e através dela conquistou o Brasil. Hoje, não existe um único artista vivo no nosso Pais que não lhe renda homenagens, e não por acaso é figura constante nos programas de televisão.

Em que pese resida no Rio de Janeiro já a muitos anos por necessidades profissionais, ela é presença constante em São Luís do Maranhão, de onde segue para o interior do Estado para enfeitiçar os maranhenses com sua inigualável voz. Lembro, contudo, de certa vez ter ouvido um jornalista americano dizer que Alcione seria a Dione Warwick brasileira. Data vênia, a comparação não é justa. A voz de Alcione é muito superior.

Sua discografia sempre povoou a vida dos brasileiros, sendo inúmeros os seus sucessos que conquistaram o Brasil através das telenovelas. Contudo, a Loba (ou o lobo se trazido para a interpretação masculina), parece ser uma verdadeira receita sobre o bem viver em casal e mostra a importância de uma vida sem traições. Diz a letra:

Sou doce, dengosa, polida

Fiel como um cão

Sou capaz de te dar
Minha vida…Mas olha
Não pise na bola
Se pular a cerca
Eu detono
Comigo não rola…Sou de me entregar
De corpo e alma na paixão
Mas não tente nunca
Enganar meu coração
Amor pra mim
Só vale assim
Sem precisar pedir perdão…Adoro sua mão atrevida
Seu toque, seu simples olhar
Já me deixa despida
Mas saiba que eu
Não sou boba
Debaixo da pele de gata
Eu escondo uma loba…Quando estou amando
Eu sou mulher de um homem só
Desço do meu salto
Faço o que te der prazer
Mas, oh! meu rei
A minha lei
Você tem que saber…Sou mulher de te deixar
Se você me trair
E arranjar um novo amor
Só pra me distrair…Me balança mas não me destrói
Porque chumbo trocado não dói
Eu não como na mão
De quem brinca
Com a minha emoção…Sou mulher capaz de tudo
Pra te ver feliz
Mas também sou de cortar
O mal pela raiz…Não divido você com ninguém
Não nasci pra viver num harém
Não me deixe saber
Ou será bem melhor prá você
Me esquecer…

Adoro sua mão atrevida
Seu toque, seu simples olhar
Já me deixa despida
Mas saiba que eu
Não sou boba
Debaixo da pele de gata
Eu escondo uma loba

Quando estou amando
Eu sou mulher de um homem só
Desço do meu salto
Faço o que te der prazer
Mas, oh! meu rei
A minha lei
Você tem que saber…

Sou mulher de te deixar
Se você me trair
E arranjar um novo amor
Só pra me distrair…

Me balança mas não me destrói
Porque chumbo trocado não dói
Eu não como na mão
De quem brinca
Com a minha emoção…

Sou mulher capaz de tudo
Pra te ver feliz
Mas também sou de cortar
O mal pela raiz…

Não divido você com ninguém
Não nasci pra viver num harém
Não me deixe saber
Ou será bem melhor prá você…

Sou mulher capaz de tudo
Pra te ver feliz
Mas também sou de cortar
O mal pela raiz…

Não divido você com ninguém
Não nasci pra viver num harém
Não me deixe saber
Ou será bem melhor prá você
Me esquecer…” 

As baladas românticas como a Loba, contudo, não foram a razão do seu destaque nacional. A Marrom, como ficou conhecida, conquistou o Brasil através do samba e de sua identificação com a escola Estação Primeira de Mangueira. O berço musical carioca adotou a maranhense de voz marcante e fez dela um difusor do que de melhor havia na musicalidade de raiz. Dos seus incontáveis sucessos, um, contudo, marca uma relação intimista entre o samba e o sentimento. A sua cadência profunda fez de “O surdo” um sucesso nacional e da estória de diálogo com o instrumento um verdadeiro desfile de sensibilidade, principalmente quando diz que “eu bato forte em você e aqui dentro do peito uma dor me destrói, mas você me entende e diz que pancada de amor não não dói”. Senão vejamos:

“Amigo, que ironia desta vida

Você chora na avenida

Pro meu povo se alegrar

Eu bato forte em você

E aqui dentro do peito uma dor

Me destrói

Mas você me entende

E diz que pancada de amor não dói

Eu bato forte em você

E aqui dentro do peito uma dor

Me destrói

Mas você me entende

E diz que pancada de amor não dói

Meu surdo parece absurdo

Mas você me escuta

Bem mais que os amigos lá do bar

Não deixa que a dor

Mais lhe machuque

Pois pelo seu batuque

Eu dou fim ao meu pranto e começo a cantar

Meu surdo bato forte no seu couro

Só escuto este teu choro

Que os aplausos vêm pra consolar

Amigo, que ironia desta vida

Você chora na avenida

Pro meu povo se alegrar

Eu bato forte em você

E aqui dentro do peito uma dor

Me destrói

Mas você me entende

E diz que pancada de amor não dói

Eu bato forte em você

E aqui dentro do peito uma dor

Me destrói

Mas você me entende

E diz que pancada de amor não dói

Meu surdo, velho amigo e companheiro

Da avenida e de terreiro,

De rodas de samba e de solidão

Não deixe que eu vencido de cansaço

Me descuide desse abraço

E desfaça o compasso do passo do meu coração

Amigo, que ironia desta vida

Você chora na avenida

Pro meu povo se alegrar

Eu bato forte em você

E aqui dentro do peito uma dor

Me destrói

Mas você me entende

E diz que pancada de amor não dói

Eu bato forte em você

E aqui dentro do peito uma dor

Me destrói

Mas você me entende

E diz que pancada de amor não dói…

Meu surdo parece absurdo

Mas você me escuta

Bem mais que os amigos lá do bar

Não deixa que a dor

Mais lhe machuque

Pois pelo seu batuque

Eu dou fim ao meu pranto e começo a cantar

Meu surdo bato forte no seu couro

Só escuto este teu choro

Que os aplausos vêm pra consolar

Meu surdo, velho amigo e companheiro

Da avenida e de terreiro,

De rodas de samba e de solidão

Não deixe que eu vencido de cansaço

Me descuide desse abraço

E desfaça o compasso do passo do meu coração” 

Hoje eu tive a oportunidade de sentar com meus pais e alguns familiares para comemorar a aprovação da minha filha Vanessa em Direito, consoante narrei em A número 1. Depois que todos foram embora, fiquei a colocar músicas e a relembrar a minha aprovação no Vestibular da Universidade Federal do Maranhão. Lembrei também da minha infância feliz no bairro do Ipase, dos amigos queridos que lá cultivei, das quitandas do Zeca e de seu Lulu, e da vizinhança amiga com o bairro do Maranhão Novo aonde morava Ivone, irmã de Alcione. Foi lá que elas criaram o bloco de carnaval “as esbandalhadas” e pra onde a grande intérprete sempre ia quando vinha ao Maranhão. Pelo alvoroço sempre sabíamos que ela estava na área.

Alcione cantou o Maranhão como ninguém. De “todos cantam sua terra” a “Maranhão, meu tesouro, meu torrão”, passando por “de Teresina a São Luís” sua voz mostrou ao Brasil sua terra natal. Contudo, foi cantando “Olho D`agua” que sua música me tocou mais forte. Recém formado, passei o ano de 1994 morando em Brasília para fazer um curso de especialização em Direito Processual Civil. Nessa época, conheci o disco “Alcione: profissão cantora”. Ele trazia essa faixa que embalou minha vida por muito tempo, devido a letra que referenciava o desejo de voltar de quem estava longe:

“(Uôôôôôôôôôô…)

Vou voltar para o mar do Maranhão
Lá bem longe onde o céu caiu no chão
Praia aberta, chão de mar
Sorte certa, meu lugar,
saudade bateu, me fez voltar

Praia aberta, chão de mar
Sorte certa, meu lugar,
saudade bateu, me fez voltar

Vou ligeiro pra encontrar
um menino pescador, da canoa azul
perdida, nas idas do azul do mar

Vou correndo pra beijar
a Rosinha, minha flor,
menina do amor primeiro
de um Janeiro que passou
menina do amor primeiro
de um Janeiro que passou

Quem me dera que o mar do Maranhão
todo ele coubesse em minha mão,
eu roubava sem pensar suas águas, seu luar
e os olhos de alguém que deixei lá
eu roubava sem pensar suas águas, seu luar
e os olhos de alguém que deixei lá

Vou correndo pra beijar
a Rosinha, minha flor,
menina do amor primeiro
de um Janeiro que passou
menina do amor primeiro
de um Janeiro que passou

Quem me dera que o mar do Maranhão,
todo ele coubesse em minha mão,
eu roubava sem pensar suas águas, seu luar
e os olhos de alguém que deixei lá
eu roubava sem pensar suas águas, seu luar
e os olhos de alguém que deixei lá

(Uôôôôôôôôôô…)”

Entre a Loba e o surdo, minhas lembranças me levaram ao reencontro com um tempo que não volta mais. Um tempo de samba, de som, de balada e de amor. Um tempo de viver a vida sem pensar só no amanhã. Em tudo estava a voz inconfundível da maior intérprete do Brasil. Vida eterna pra ti, Alcione Nazareth, profissão: cantora.

Variedades

SONHOS DE UM PALHAÇO

Published

on

Certas coisas nos fazem encontrar a ficção numa proporção em que fica difícil distinguir o real do imaginário. Nesta última semana foi assim e até agora não consegui distinguir um do outro.

Não é novidade para ninguém que sou professor universitário. Talvez seja uma das maiores alegrias que já tive, a qual me foi proporcionada pelo meu amigo/irmão Clóvis Fecury. Foi ele quem falou para o então Reitor da nossa Universidade Ceuma que a instituição gostaria de ter uma pessoa com o meu perfil como professor. Para quem são sabe, a minha trajetória profissional caminha lado a lado com essa Instituição de Ensino Superior que, se não trabalhei desde o dia em que nasceu, pude lhe auxiliar nos primeiros passos. Acho que quando cheguei tínhamos pouco mais que cinco anos de fundação. Fui seu primeiro Assessor Jurídico e hoje, trinta e um anos após a minha formatura, completo mais um ano como professor do Curso de Direito. Entreguei meu nome e toda a minha vitoriosa carreira à Instituição que, fundada por Mauro de Alencar Fecury, me recebeu como professor. Na Universidade Ceuma cheguei especialista em Direito Processual Civil e me tornei Mestre.

Na Universidade Ceuma me descobri muito mais que um simples professor. Aqui me tornei um agente do futuro, mais um a construir o amanhã. Me tornei um construtor de futuro, um transformador de sonhos, do universitário e de toda uma família.

Vivi e vivo seus sonhos. Suas dificuldades e suas superações.

Nesta semana tivemos mais uma formatura. Vários ex-alunos colaram grau. Não pude comparecer por medidas de segurança, mas fiquei feliz em saber que novamente cumprimos com nossa missão. Entregamos para o mercado de trabalho profissionais gabaritados, fruto de uma formação de extrema qualificação, pautada nos mais modernos conceitos e metodologias pedagógicas.

O professor é o cidadão que sai de casa para construir o amanhã. Se depara com os mais variados perfis. Apresenta um conteúdo definido, cria outros ou ainda constrói momentos que somente serão compreendidos no futuro, mas planta a semente, igual àquele lavrador que a coloca no chão para amanhã colher. O professor é igual ao palhaço: oculta o seu sentimento atual para fomentar o propósito de tantos. É aquele que faz rir mesmo estando dilacerado por dentro. Esse é o seu papel. Instruir, construir o amanhã mesmo que, para ele, até mesmo o hoje esteja em risco.

Ao refletir sobre tudo isso, não tive como não me lembrar de um dos maiores nomes da nossa música popular brasileira. Na década de 70, Antonio Marcos gravou uma de suas mais icônicas músicas. Sonhos de um palhaço reflete um momento,  a perda de um amor, um instante de dor e reflexão. Um espaço temporal em que, espelho da vida docente, o sorriso e a maquiagem ocultam uma dor presente. Ninguém sabe o que o palhaço está vivendo, mas ele precisa seguir em frente com a sua missão, seja ela divertir ou construir o amanhã.

Lembrei de Elimar Santos retirando a maquiagem do palhaço enquanto interpretava essa belíssima música. Infelizmente não localizei as imagens. Se algum leitor as tiver, por favor me envie no Instagram. Farei questão de integrar o texto com ela.

Disponibilizo vídeo e letra para vocês:

Seja na vida pessoal ou profissional, essa música reflete a realidade de quem precisa sorrir, ainda que o seu desejo seja apenas chorar.

Antonio Marcos faleceu aos quarenta e seis anos, consumido por uma depressão aguda, vítima de insuficiência hepática causada pelo consumo excessivo de álcool e drogas. Mesmo com uma carreira recheada de grandes sucessos como “Se eu pudesse conversar com Deus”, “O homem de Nazareth ” e “Como vai você “, ele sucumbiu às oscilações do mercado fonográfico e desilusões amorosas.

 

 

Ninguém sabe o que se passa com um professor. O aluno quer a aula. Ele precisa estar apto a ministrá-la. Estando triste ou não.

No final, resta o sonho de que a lágrima, muitas vezes presente na maquiagem, se transforme num sorriso ou num glorioso amanhã.

Continuarei sorrindo e sonhando.

Continue Reading

Variedades

Pura insensatez

Published

on

Sempre fui um aficionado por história e por cinema. Quando um se mistura com o outro se torna um atrativo que merece atenção.

Tempos atrás me deparei com o filme 13 dias que mudaram o mundo. Ele conta a história da descoberta, pelos americanos, de que mísseis soviéticos estariam sendo colocados em Cuba, gerando a famosa crise dos mísseis, que quase nos levou a mais uma guerra mundial, desta feita com a utilização de ogivas nucleares. Com muita diplomacia, John Kennedy conseguiu que tudo não passasse de um susto.

Não preciso lembrar a ninguém que a bomba atômica foi usada pela primeira e única vez na segunda guerra mundial, mais precisamente em Hiroshima e Nagasaki, grandes, populosas e importantes cidades Japonesas, o que levou à rendição no grande Império do sol nascente.

Infelizmente, por ser o homem predador do homem, outras grandes potências se dedicaram a controlar o átomo. Não para gerar energia (fim que seria perfeitamente aceitável), mas para produzir armas, inicialmente sob o argumento de se defender. Uma pena que aquela que defende é a mesma que ataca.

Estamos vivendo, a mais de um ano, uma guerra que a todos ameaça. A Rússia de Putin ataca a Ucrânia de Zelensky. O que era uma questão paroquial tendo como fundo uma adesão da Ucrânia à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) – os países que integram o tratado, se atacados, são defendidos por todos os integrantes (um por todos e todos por um) -, se configura um expansionismo Russo bloqueado pelos tratadistas, tendo como elemento limitador os combustíveis fósseis, notadamente o gás natural. Em suma: a Rússia queria se expandir, a OTAN apoiou a Ucrânia e só não botam para moer porque a Rússia pode cortar o fornecimento dos combustíveis fósseis.

Simples assim.

Enquanto isso, Zelensky fica a cada dia mais solicitando uma fortuna dos países aliados para manter o esforço de guerra e, por último, contando com a senilidade de Biden, bombardeou a Rússia com mísseis americanos.

Uma senhora excrescência fisiológica, para não dizer uma p… c……

Não bastasse essa guerra estar impactando o mundo através do comércio (sim, nos impacta pela dificuldade de aquisição de fertilizantes, diesel e venda de bovinos, suínos e frangos, dentre outras comodites), esse conflito pode nos levar a uma guerra nuclear.

Explico.

Poucos países dominam a tecnologia atômica, mais precisamente Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte. Destes, Rússia, China e Coreia do Norte são aliados.

Se já não fosse preocupante desembarcarem milhares de soldados coreanos para lutar ao lado dos Russos, Biden autorizou a Ucrânia a usar Mísseis americanos para ataque. Será que é tão difícil para o congresso americano impedir esse louco inconsequente? Se não sabem fazer me coloco à disposição para ir lá e orientar como.

Ficamos à beira de um conflito nuclear porque um cidadão que não se aguenta sobre as próprias pernas autorizou o inimaginável. Retiro o que disse se me mostrarem que foi autorizado pelo Congresso e aí falarei o mesmo sobre o Congresso Americano.

Me comprem um bode, pelo amor de Deus.

Fosse um comando do Trump tava a globolixo e meio mundo de imprensa descendo o pau no cara. Como foi o Biden estão todos calados. Pqp.

A Rússia já contra-atacou com Mísseis que podem levar ogivas e ninguém reage a essa insanidade?

Acho que está na hora de parar de digitar e começar a cavar meu quintal. Quem sabe ainda consigo construir um bunker e armazenar alimentos antes que esses loucos detonem a terra. Será que um ano de reservas seria suficiente? Quanto de lacticínios, charque, carne de sol e outros víveres será que consigo armazenar antes que acabem com a vida na terra?

Se soubesse falar inglês, russo, chinês, mandarim ou correano diria: resolvam suas diferenças num jogo de palitos, poker ou até bolinha de gude. Se não aceitarem a sugestão, vão tomar bem no meio do olho dos seus c..

Vocês se estranham por aí e nós que sofremos as consequências? Em bom maranhês: vão se catar, Siô!

Se continuarem com essa insensatez, não tenham dúvidas: mandaremos nossa arma secreta para acabar com essa bagaça. Na guerra, a vítima, o acusador e o Juiz podem ser o mesmo. Não vacilem. Se aqui nem em guerra estamos e já vivemos em um regime velado de exceção, quanto mais aí. Se continuarem a encher o saco o careca vai praí e o bicho vai pegar e ainda leva o Darth Vader do Planalto pra ajudar nos decisórios. Ataque se faz com guarda e retaguarda e nesse caso, desgraça pouca é tiquinho. Hehehe

P. S.: Me comprem logo um rebanho de bodes, que só um é pouco pro tamanho da necessidade fisiológica que vocês estão fazendo, pra não dizer pro tamanho da m…..

 

Continue Reading

Variedades

Chorando na chuva

Published

on

Recordação.

Palavra que exprime memória de eventos passados e que, por algum motivo, ficam guardados no nosso subconsciente e que, em algum momento, se apresentam para nos fazer reviver bons momentos ou, quem sabe, apenas sentimentos bons que gostaríamos de reviver, se fizessem presentes outra vez.

Final de tarde, perdido na solidão de um instante, busquei no YouTube alguma música que me remetesse a momentos felizes e encontrei nos acordes iniciais de “Crying in The Rain” cantada pela banda norueguesa A-ha, a resposta para a minha busca.

Como em um passe de mágica, me veio à lembrança o comercial da Lacta sobre o chocolate Laka. O comercial mostrava um jovem imberbe, pré-adolescente talvez, indo ao encontro de sua namoradinha. Enquanto a aguardava e como ela demorava, acabou por comer o chocolate branco laka que havia levado para ela. Com a sua chegada, ele diz a ela: ” trouxe um laka para você “. Ela pergunta: “cadê?”. E ele, sem receio, lhe diz: ” tá aqui”, e lhe beija. Ela, feliz, diz em seguida: “Dá mais um pouquinho?”. Tudo tendo ao fundo essa icônica música. Um marco para a minha geração de nascidos no século XX. Imagino tantos quantos, nostálgicos como eu, se lembram desse momento singular.

O comercial, registre-se, foi produzido pela empresa W/Brasil, com a assinatura do publicitário Washington Olivetto, falecido recentemente em 2024. Considerado um marco da publicidade nacional, foi premiado com o “Leão de Ouro” em Cannes,  consoante nos foi gentilmente informado por Polyana Amaral em nosso Instagram @sergiommuniz.

Os tempos mudaram. O politicamente correto tomou conta do mundo. Talvez hoje surgisse até quem se posicionasse contra a exibição desse conteúdo. Muitos prefeririam mostrar jovens do mesmo sexo ou mesmo adultos se relacionando. Afinal, esse seria o politicamente correto de hoje. Prefiro o passado. Questão de opinião.

Contudo, em que pese a singularidade do comercial apresentar um inocente beijo otimizado por um excelente chocolate branco (mensagem transmitida com excelência) e por uma música de melodia espetacular, penso hoje, impulsionado pelas facilidades da modernidade que nos disponibiliza a tradução da letra no YouTube, que esta não espelha a intenção do comercial. Com efeito, a canção aponta para uma separação e não para a única proposta no comercial.

Crying in The Rain (chorando na chuva) é uma música composta por Howard Greenfield e pela grande Carole King (uma das maiores compositoras americanas) e originalmente gravada pela dupla The Everly Brothers.

Contudo, foi no início da década de 90 que ela fez enorme sucesso na versão da Banda A-ha. Consoante se apresenta a seguir, a música fala de alguém que já não tem consigo seu grande amor e que afirma que suas lágrimas serão ocultadas pela chuva. Ela não saberá que ele ainda a ama, mesmo só restando mágoas. Por isso ele chorará sua tristeza na chuva.

É certo que muitos seguiram o exemplo do comercial. Marcaram o encontro, levaram o chocolate e repetiram a fala e o gesto para se entregar no romântico beijo.

Lembro com saudade dos momentos parecidos que vivi. Ter podido acompanhar algo parecido com minha filha e meu filho do meio me faz acreditar que ainda é possível sonhar com um romance juvenil, daqueles de outrora, daqueles do “Me Dá um Beijo” de 1989.

Sei que muitos pais da minha geração estão vivendo tudo isso, talvez até mesmo enquanto escrevo estas breves linhas.

Sendo apropriada a música ou não, ela marcou uma geração, seja pela época em que foi composta e usada, seja por refletir a realidade posterior de tantos que, um dia, acreditaram no romantismo do momento. Creram que o amor seria para sempre.

De uma forma ou de outra, chorar sob a chuva pode ser ainda uma boa opção. Apaixonado, ou não.

Continue Reading

Trending