Em 1995 conheci a mãe dos meus filhos em um show do Asa de Águia, banda de Axé Music, nas dependências do antigo clube Jaguarema, no Anil. Era um 7 de abril. Começamos a namorar naquele dia. Por coincidência, nessa mesma noite a irmã dela, Adriana, começou a namorar com um rapaz chamado Jadilson Luz. Cinco anos depois, após dois anos de namoro e três de noivado, eu me casei. Tinha trinta anos de idade quando subi ao altar com ela. Lembro que meus amigos do Colégio Dom Bosco, perfilados ao longo do corredor da igreja, diziam durante minha entrada que ainda dava tempo de escapar. Hehehe. Essa não era uma opção. Tinha me decidido a deixar no passado uma bem vivida vida de solteiro para ingressar na de casado.
Minha cunhada Adriana e Jadilson também viraram um casal e constituíram família. Nos tornamos compadres e mantivemos, ao longo dos anos, uma feliz convivência que nos permitiu acompanhar, de perto, todas as suas andanças pelo País, levados sempre por suas atividades profissionais: ela é exímia enfermeira do trabalho e ele um dos maiores engenheiros agrícolas e de segurança do trabalho que eu conheço.
Nossa irmandade nos permitiu desfrutar de momentos inesquecíveis, seja na casa deles (os visitamos em todos os seus endereços) seja na nossa aonde sempre nos deram o prazer de recê-los nas férias de final de ano.
Momentos felizes, sem dúvida.
A cada vinda, sempre tivemos a oportunidade de desfrutar de boa música ao som do violão de Jalmir Júnior, irmão de Jadilson, que para meus ouvidos amadores de apreciador musical, é o melhor intérprete e musicista não profissional do nosso Estado. Executivo de uma das maiores empresas do seguimento alimentar do nosso País, ele tem na música o seu lazer. Glória a Deus. Felizes daqueles que tem a oportunidade de desfrutar do seu inquestionável talento.
Em um dos nossos encontros de final de ano, meu compadre, já bastante adiantado, pediu que Junior tocasse “Velocidade da Luz”. Eu não conhecia a música. Eles me explicaram que era um recente sucesso do grupo Revelação liderado por Xande de Pilares. Júnior a interpretou com a qualidade de virtuose que lhe é peculiar. Deste dia em diante virei fã incondicional do grupo e do hoje em carreira solo Xande de Pilares.
Tantos anos se passaram e hoje, 06/08/2021, buscando uma live para embalar a comemoração pela boa entrevista que concedi rumo ao Mestrado, me deparei com ” Xande de Pilares no pagode da Tia Gessy”.
Um espetáculo.
Inúmeros sucessos de sua autoria são cantados e incontáveis homenagens foram prestadas aos grandes compositores e cantores do nosso samba. Bom demais. Contudo, a sequência do minuto 52 até as 2:00 h é imperdível. Me encontrei dentre as músicas cantadas nesse trecho da live. Invertendo-se a posição das músicas é como se ele estivesse cantando a minha vida. Para quem não sabe, em que pese nunca tivesse tido samba no pé e nem habilidade para tocar instrumentos, samba e futebol sempre caminharam juntos e comigo. Boleiro de ontem, não poderia ser diferente. Fui um contumaz frequentador de rodas de samba até quando me casei. Por várias vezes estive com Lino Osvaldo no banjo e cavaco e Bira no pandeiro em samba de mesa em São José de Ribamar e tantos outros lugares.
Partindo de “E a vida mudou” no minuto 1:02, passando por “Ex amor” no minuto 52; ” Mel na boca” no minuto 57; “Esqueci de te esquecer” no minuto 58; “do jeito que a vida quer” no minuto 1:06; “Esperanças Perdidas” no minuto 1:09; “Coração radiante” no minuto 1:21; “O show tem que continuar” no minuto 1:29;; e, logicamente “Velocidade da luz” no minuto 1:44, dentre tantos outros grandes sucessos, foi um reencontro com a minha história.
Realmente ” É Deus quem aponta a estrela que tem que brilhar.”
Em janeiro estivemos com meus compadres em Jacobina, na Bahia. Queriamos estar outra vez nessa próxima semana. Sei que nossa presença seria importante. Mais de dois mil quilômetros nos separam. Daqui, mesmo nessa distância toda, vamos manter o pensamento elevado e as boas energias de sempre. Força e fé acima de tudo.
Como num mapa do tesouro, a música descortina a vida e esta imita a arte, com samba, simpatia e sentimento. “Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.
Brasil acima de tudo. Deus acima de todos.