Acompanhei nessa última semana, estarrecido, o desenrolar da operação da Polícia Federal destinada a apurar o volumoso desvio de recursos da saúde do Maranhão e que culminou com a prisão da ex-Secretária Adjunta Rosângela Curado. Segundo apurado até aqui, o dinheiro que deveria custear profissionais nos hospitais era usado para remunerar com, altos salários, pessoas ligadas ao Governo comunista que não trabalhavam ou que exerciam atividades administrativas na secretaria, o que não é permitido.
Esperei que os levantamentos iniciais fossem feitos para não emitir juízo de valor apressado sobre o assunto, haja vista manter sentimento de bem querência em relação ao Secretário Carlos Lula e a Rosângela Curado. Contudo, a leitura da decisão escorreita da Juíza Federal Paula Souza Moraes, da 1. Vara maranhense, me permite uma análise, ainda que preliminar, sobre o assunto.
De tudo o quanto levantado até agora é possível afirmar o que eu já afirmava desde 2013: o discurso demagogo comunista era decorrente do completo desconhecimento sobre governo e estrutura de governo e que a mudança alardeada era pra mudar apenas o sobrenome do grupo político mandatário.
Ao assumirem em 2015, os comunas promoveram uma caça às bruxas na saúde, rescindiram contratos que entendiam ser superfaturados e firmaram outros bem menores. Em seguida descobriram que o dinheiro não era suficiente e segundo se comenta, aditivaram os novos contratos. A saúde se quebrou em bandas com profissionais e fornecedores ficando sem pagamento e para dar o calote ainda se apoderaram do maquinário da empresa que fornecia o oxigênio de algumas unidades de saúde. A rede de saúde estadual que funcionava até então entrou em colapso. Passaram a usar as terceirizadas ICN e BEM VIVER para pagar os pendurados no cabide de empregos e como estes não poderiam assinar o ponto nas unidades de saúde teria sido criada a folha complementar e para dar legalidade a ela contrataram empresas especializadas em gestão de pessoal, como a ORC, que até fevereiro de 2015 teria como atividade principal ser uma sorveteria. Quando Rosângela Curado foi exonerada, segundo narra a decisão, ela estaria cobrando 10% (dez por cento) de todos (corre a boca pequena que a exoneração até hoje não esclarecida teria sido por não ter implementado a socialização). Foi quando o novo titular da pasta teria sido informado pelo Dr. Benedito, Diretor do ICN, sobre a folha complementar (aqui o Secretário tinha o dever de denunciar a prática, mas não o fez). Quando ICN e BEM VIVER foram investigadas na operação sermão aos peixes tiveram seus contratos rescindidos, passando a gestão para o IDAC, o qual manteve o pagamento do cabide de empregos até 2017, quando teve seu contrato rescindido após a operação Rêmula.
A gestão do IDAC na saúde foi marcada por vultosos saques em espécie na boca do caixa. Hoje é possivel conjecturar que parte desses recursos deveria estar sendo usado para a manutenção do cabide de empregos. Pendurados no cabide estariam uma cunhada e uma grande amiga do Secretário de Articulação Política, uma grande amiga do Secretário de Saúde, dentre outros. Essas amigas seriam conhecidas por alguns pelo seu “perfil glúteo”. Um escândalo.
Uma grande dúvida precisa ser esclarecida: como e por qual razão um médico chamado Mariano teve transitando em sua conta mais de 30 milhões de reais.
De tudo, não resta dúvida de que, tal qual o discurso da mudança, da honestidade e da austeridade administrativa, o governo comunista derreteu, igual a sorvete fora da geladeira. Não resistiu ao calor da investigação conduzida pelo Delegado Webson Cajé.