Um galo exponencial

10 segundos para vencer é um filme nacional que conta a história de um dos maiores ídolos do esporte nacional, o pugilista Éder Jofre, bi-campeão mundial no peso galo e campeão mundial peso pena. Nesta semana, a película chegou aos lares de todos os brasileiros convertida no formato de minisérie e sendo exibida pela Rede Globo.

No mundo do boxe (luta com os punhos conhecida como ‘a nobre arte’ por ser, no início, permitida a prática apenas por integrantes da nobreza), o brasileiro Éder Jofre é considerado um dos 10 (dez) maiores lutadores de todos os tempos, estando ao lado de ícones como Mohammad Ali, Sugar Ray Robinson, Sugar Ray Leonard, Roberto ‘manos de piedra’ Duran e Júlio César Chaves, somente para citar alguns.

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Éder Jofre com seu pai e treinador Kid Jofre

Em 1960, já ranqueado como o melhor galo sul-americano, Éder Jofre foi levado para lutar nos Estados Unidos da América e sua primeira luta foi contra o segundo colocado no ranking mundial de então, o mexicano Joe Medel. Apesar de ter tido pouco tempo para se preparar para a luta e sofrer muito para atingir o peso da categoria, Éder venceu por nocaute, calando os debochados americanos que diziam ser ele um lutador vindo da selva e pavimentando sua caminhada rumo ao primeiro título mundial que viria meses depois em uma nova vitória por nocaute contra o também mexicano Eloy Sanchez.

Em 1961, Éder Jofre luta e vence o Irlandês Jhonny Caldwell unificando o título mundial dos galos, assim permanecendo como detentor do título unificado até 1965 quando foi derrotado, em decisão controvertida, por Masahiko Harada. Em luta revanche, também no Japão, nova derrota também por pontos, o que faz com que o galo de ouro deixasse os ringues. Somente em 1970 Éder volta a lutar, mas desta feita no Peso Pena.

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Em maio de 1973, o grande pugilista brasileiro conquista o título mundial peso pena ao vencer o Cubano José Legra, assim permanecendo até 1976 quando deixou os ringues sem ser derrotado nessa categoria, ficando o título vago em virtude de não ter havido sua defesa no prazo legal. Lutou 81 vezes, venceu 75 e destas 52 foram por nocaute. Teve 4 empates e apenas 2 derrotas, ambas controvertidas para Harada do Japão.

Até hoje, somente 2 (dois) brasileiros se tornaram campeões mundiais de boxe, quais sejam Éder Jofre e Acelino Popó Freitas. Coincidentemente ambos se tornaram políticos depois da aposentadoria. Popó foi Deputado Federal pela Bahia e Éder foi Vereador Constituinte por São Paulo, sendo signatário da Lei Orgânica daquele município. Dentre suas contribuições como parlamentar está, por exemplo, a Lei que garantiu o transporte gratuito para os idosos. Éder foi, assim, campeão também no parlamento.

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Tive a grata satisfação de assistir, nesta data, pela minisérie, a reprodução da primeira luta de Éder Jofre contra Joe Mendel (primeira porque voltaram a se enfrentar anos depois, sendo o brasileiro novamente vencedor e outra vez por nocaute), esta que é considerada pelos especialista como uma das maiores lutas de todos os tempos. Confesso que me emocionei. Éder está para o nosso boxe como o Pelé está para o nosso futebol ou como Maria Ester Bueno para o tênis feminino e Guga para o masculino. Como Ademar Ferreira da Silva está para o atletismo ou como Airton Senna está para o automobilismo. São verdadeiros extraterrestres. Hehehe.

Como vocês podem ver, gosto muito de boxe. Lembro das últimas lutas de Éder, da famosa luta de Mohammad Ali x Jorge Foreman em Kinshasa, na África quando Ali reconquistou o título mundial; da histórica conquista de Sugar Ray Leonard sobre Marvin Hagler; Rocky Marciano sobre Joe Louis; Homes x Spinks; a sequência avassaladora de vitórias de Mike Tyson; as lutas de Maguila e Popó; vi Julio César Chaves lutar; Roberto Duran; Floyd Mayweather, Manny Pacquiao, etc. Lutar boxe é esguimar com as mãos.

A nós, brasileiros, resta o orgulho de poder dizer que nosso País produziu um dos maiores lutadores de todos os tempos, o galo de ouro.

Éder Jofre foi, é e será sempre um galo exponencial. Um brasileiro que conquistou, literalmente com as mãos, a respeitabilidade mundial. Um grande orgulho para todos os brasileiros. Um verdadeiro herói nacional.

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