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Homenagem

TRINTA ANOS DE FORMADO

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Ao longo de uma vida, sempre tive a percepção clara de que não escolhi fazer direito. O direito me escolheu. Acredito que tenha ocorrido a mesma coisa com os companheiros que, comigo, trinta anos atrás, concluíram o Curso de Direito na Universidade Federal do Maranhão. Sim, em 12 de novembro de 1993, colamos grau como Bacharéis em Direito.

O dia ensolarado de hoje me remeteu a todos aqueles que antecederam a essa data memorável e inesquecível. Não foi somente a preocupação com a monografia de encerramento do curso. Para mim, além disso, havia a responsabilidade de dividir com Adriana Assis, Dudu Fonseca, Marcelo Yuri e Antonio Nunes, as tarefas de organização da festa de formatura. Além de tudo isso, para mim ainda restava a obrigação de bem representar os meus colegas na condição de Orador da Turma. Assim, indiscutível que foram dias atribulados, mas quem poderia querer que fosse diferente?

Deu tudo certo.

Tivemos as monografias aprovadas, a Comissão de Formatura deu conta de suas atribuições organizando uma festa incomparável e eu, em meio a tudo aquilo, consegui escrever, sob a imprescindível orientação do Professor José Maria de Jesus e Silva, um discurso que marcou época e que abriu as portas para a minha caminhada.

Nossa missa de formatura foi realizada na Igreja dos Remédios, em frente à Praça Gonçalves Dias que tem vista para a baia de São Marcos, e foi celebrada pelo Padre Paulo Sampaio, um ícone para a época. Nossa colação de grau foi no Convento das Mercês, prédio centenário do nosso centro histórico e acolhe a Fundação da Memória Republicana Brasileira. Nosso Baile do Rubi foi no antigo Clube Jaguarema, o mais bonito da nossa cidade, sendo animado pela melhor banda da época, a vôo livre. Nossa aula da saudade foi na nossa casa por cinco anos, o Pimentão, prédio que abrigava o nosso curso.

Volto os olhos para o passado e nos vejo tão jovens, cheios de esperança em vencer numa profissão tão importante para uma sociedade. Na aula da saudade afirmamos o compromisso de trabalhar com todo o afinco para ajudar a construir dias melhores, fosse através do nosso correto exercício profissional, fosse retornando à Academia na condição de professores.
Creio que estamos nos conduzindo dentro das diretrizes traçadas.

Encerrei o nosso discurso de formatura dizendo: meus queridos colegas, a porta está aberta, sejamos dignos de entrar. O tempo mostrou que éramos dignos. Nós tornamos grandes profissionais, reconhecidos por nossa classe, aqui e alhures. Alguns de nós se tornaram referência estadual em suas áreas de atuação e outros até mesmo nacional.

Pode parecer preciosismo, mas em uma turma que deu ao nosso Estado dois excelentes Juízes Federais, um Juiz no Distrito Federal, vários Promotores de Justiça, vários servidores da Justiça Federal e Estadual, de especializadas como a Justiça do Trabalho, Delegados de Polícia, advogados, etc, só podemos dizer que atingimos nosso objetivo. Hoje dentre nós temos colega candidato a Ministro e outros tantos em condições de concorrer a Desembargador. Sem dúvida, uma turma singular.

Quanto a mim, posso dizer que nesses trinta anos me tornei um esforçado operador do direito. Advogado por convicção, Desembargador Eleitoral por obrigação em contribuir com uma Justiça Eleitoral célere em nosso Estado por quatro anos, tendo me tornado o membro com maior produtividade na históriado TRE/MA, formador de vários advogados que tive a honra de orientar enquanto estagiários, professor universitário há cinco anos, membro do Colégio Permanente de Juristas Eleitoralistas do Brasil-COPEJE, membro consultor da Comissão Especial de Direito Eleitoral do Conselho Federal da OAB, Membro da Comissão de Advocacia Eleitoral do Conselho Seccional da OAB Maranhão, Presidente da Comissão de Transparência e Combate à Corrupção da OAB Maranhão e Vice-Presidente do Observatório do Poder Judiciário da OAB-MA. Sou parecerista e consultor jurídico, tendo assessorado, ao longo dos anos, mais de sessenta municípios dentre os 217 que compõem o nosso Estado. Blogueiro nas horas vagas. Fui indicado para ocupar cargos federais e estaduais, concorri por duas vezes a Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão pelo quinto constitucional, mas infelizmente não obtive êxito, sendo preterido pelos meus pares. Na última vez que concorri, fui traído por quem amava e admirava, tudo para atender a um projeto político que, mais tarde, viria a ser atingido. Paciência. Certamente não era o meu destino.

Hoje, continuo tentando viver e compreender o processo. Conheço o meu propósito. Sei que Deus reservou para mim a missão de ensinar e servir de inspiração para gerações futuras. Não tenho tudo o que quero, não ganho o que acho que valho, mas alcancei um destaque maior do que um dia sonhei.

Tenho o meu espaço.

O que penso e digo repercute positivamente na sociedade e até mesmo aqueles que, algum dia, por questões políticas, me causaram mal, hoje compreendem que não foram justos comigo. Continuo tentando fazer o bem, sem olhar a quem.

A minha contribuição à Justiça Eleitoral do Maranhão jamais poderá ser apagada. Afinal, um Julgador que julga 1229 processos em 4 anos (mais de 350 processos que o segundo que mais julgou) e que somente 1 é revisto pelo Tribunal Superior não pode ter prestado um trabalho ruim, sem contar os votos vista e os acórdãos lavrados em decorrênciade votos vista ou divergência vitoriosos. Tenho mais de cinquenta verbetes de julgados de minha relatoria nos repertórios de jurisprudência espalhados pelo Brasil. Criei teses jurídicas que impactaram o direito no nosso País, como a nao incidência da Lei Complementar 135/2010, a Lei de Ficha Limpa, nas eleições de 2010. Fui o defensor, no Maranhão, de que a competência para julgar Prefeitos era das Câmaras e não dos Tribunais de Contas. Fui o primeiro advogado a absolver, no Tribunal do Juri, um acusado de matar um dos meninos emasculados do Maranhão, etc, etc, etc. Dei a minha contribuição.

Hoje, aos cinquenta e três anos de idade, fazendo trinta anos de formado, penso que a minha jornada ainda está longe de acabar. Ainda tenho muito a produzir e a contribuir com o meu Estado e o meu País.

Tenho, contudo, uma única certeza: se, algum dia, por qualquer motivo, alguém tiver que pesquisar a minha vida, o que fiz e o que vivi, ficarei feliz que destaque que vivi em uma época de grandes homens e mulheres. Vivi, tendo na minha área, como professores ainda na fase escolar, Ney de Barros Belo Filho e Flávio Dino de Castro e Costa. Na Universidade, José Cláudio Pavão Santana, Vinicius de Berredo Martins, José Antônio Figueiredo de Almeida e Silva, Pedro Leonel Pinto de Carvalho, Maria Eugênia, Washington Rio Branco, Leomar Amorim, Cândido Oliveira, dentre tantos outros. Na Pós-graduação, Jorge Amaury Maia Nunes. Convivi com Desembargadores como Antônio Bayma Araujo, Jorge Rachid, Antônio Pacheco Guerreiro Junior, Nelma Sarney, Marcelo de Carvalho Silva, dentre tantos outros. Convivi com os irmãos Desembargadores Almeida e Silva e Orville de Almeida e Silva. Com Elimar Figueiredo de Almeida e Silva como Procuradora Geral de Justiça. Trabalhei com educadores do quilate de José Maria Cabral Marques. Me relaciono com o ex-Presidente da República José Sarney, como o Ex-Senador e Ministro Edison Lobão e com uma infinidade de outros políticos de referência, ontem ou hoje, do nosso País. Tenho relações com incontáveis Juristas de renome nacional.

No Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão  tive a honra de integrar bancada com os Desembargadores Nelma Sarney,  José Joaquim, José Jorge, Raimundo Cutrim, Raimundo Barros, Froz Sobrinho,  José Bernardo,  dentre muitos. Convivi com os Juizes Federais Veloso, Magno Linhares, Clodomir Reis e tantos mais. Mas, acima de tudo, espero que registre que estudei e convivi com Ivo Anselmo Höhn Junior, Lino Osvaldo Serra Sousa Segundo, Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, Adriana Silveira de Assis (a minha querida gordinha), Eduardo Fonseca (Dudu), Marcelo Yuri, Rui Lopes, Betinha, Meyrinha, Elida Ricci, Geórgia Rita de Carvalho Gaspar, Gabriela Brandão da Costa, Nadja, Norimar (a Nono) Lindonjonson (o Dom Jonson), Ilana Boueres, Glauco (o velho lobo do Mar), Silvana Euzinha, Luís Aroso (in memoriam) e tantos outros. Que se registre que fui muito feliz ao lado de todos eles.

Não sei quanto tempo o destino ainda me permitirá registrar esses tempo tão especial. Para aqueles que hoje podem ter acesso a essas informações digo: que lhes sirva de exemplo. Em uma época em que somente 35 eram aprovados no matutino e outros 35 no noturno, perfazendo 70 no primeiro semestre e 70 no segundo semestre, dedicar-se a um propósito representava a concretização de uma existência e a mudança de uma realidade social.

Que possamos estar juntos por pelo menos mais trinta anos, relembrando nossas trajetórias de sucesso. Parabéns a todos por essa data tão significativa para todos nós.

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O filho da promessa

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Em 2017 tive a oportunidade de escrever o texto “Ao Sagrado Coração de Jesus “, o qual viria a atualizar em 2019. Nele narro como se deu o surgimento do festejo de mesmo nome que é realizado em Carema todo mês de julho. Dizia eu àquela época:

“Dos oito filhos que tiveram (José Bonifácio e Hormígida), quatro já haviam nascido com grande dificuldade e muitas dores. Eram eles Sebastiana (Cecé), José Carlos, Theresinha de Jesus e Benedita (Bindoca). Após engravidar do quinto filho em 1937, D. Hormígida se entregou de vez à fé no Sagrado Coração de Jesus e fez a promessa de que se tivesse um parto normal e sem grandes dores, todos os anos lhe renderia homenagem mandando celebrar uma missa na capela que haveria de mandar construir e fariam uma grande Festa. Suas preces foram atendidas. O bebê, que recebeu o nome de José Ribamar, nasceu em 27 de julho de 1938 de um parto tranquilo, assim como todos os outros que vieram depois: José Bonifácio Filho (Zequinha Buranga), Raimunda (Dica) e Antonio José (Tote). Começava assim uma tradição que em 2019 ( quando atualizo este texto escrito em 2017) alcança 80 (oitenta anos) anos. Sempre no último sábado do mês de julho o Povoado Carema, edificado às margens da Ferrovia São Luís-Teresina, no município maranhense de Santa Rita, recebe o maior evento religioso da região, o festejo em homenagem ao Sagrado Coração de Jesus. Sim, neste ano a criança cujo nascimento ensejou a promessa, Ribamar Muniz, faz oitenta e um anos e o festejo oitenta, recaindo o último sábado de julho desta feita na data do seu aniversário.”

Ribamar cresceu. Tinha uma deficiência visual que lhe fez usar óculos desde muito cedo, o que acabou por lhe render o apelido que o acompanhou por toda a vida: Ribamar quatro olho.

Sempre muito comunicativo, mas de jeitinho manso, conquistava a todos com seu sorriso largo. Tinha muitos amigos e em decorrência dessas amizades, muitos compadres. Sempre me impressionava a quantidade de pessoas que se aproximavam dele e o cumprimentavam chamando-o de compadre.

Me acostumei a vê-lo andando de um lado para outro, de bicicleta ou, depois, de motocicleta, meio de transporte que ele tanto apreciava. Visionário, montou um comércio no bairro céu azul, entre Carema e a Sede de Santa Rita, consciente de que ali prosperaria, haja vista que seria natural o crescimento da cidade ao longo da Avenida General Rivas. Inúmeras vezes o via sentado no balcão de madeira aguardando seus clientes e amigos.

Sua enorme popularidade lhe rendeu vários mandatos de Vereador, tendo se tornado o decano da Câmara Municipal.

Neste ano de 2025, ele completaria 87 (oitenta e sete anos) e a data recairia no último final de semana de julho, por ocasião do festejo do Sagrado Coração de Jesus, evento criado em homenagem ao Pai pelo nascimento de um filho chamado José.

Na data de ontem, 18 de abril de 2025, ele descansou. Coincidentemente no mesmo dia em que Jesus Cristo entregou o seu espírito ao criador pela remissão dos pecados da humanidade.

Abençoada foi vovó Hormígida com teu nascimento. Abençoado foste tu, Ribamar, no momento do teu descanso. Foste grande durante a vida, muito maior na hora da morte. Agora estás do outro lado do caminho, de onde ajudarás a encaminhar os teus.

Siga a luz, meu tio. Santa Rita jamais esquecerá José Ribamar Muniz, o Ribamar quatro olho, o filho da promessa.

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Navegar é preciso

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Dizem que quando alguém gosta de resolver os problemas dos outros ele se torna advogado. Acredito que seja verdade. Não me recordo de outro motivo que me tenha trazido até aqui. Cada vez que presenciava uma injustiça, lá estava eu partindo em socorro.

Me formei Bacharel em Direito em 1993 e logo em seguida ingressei na Ordem dos Advogados do Brasil. Ano seguinte, partia eu para Brasília acalentando o sonho de melhor me qualificar para exercer a profissão que me escolheu. Sim, eu poderia ter sido jogador de futebol, médico, engenheiro, arquiteto, enfim, o que quisesse, mas desde muito cedo eu sentia que algo me dirigia para a advocacia e continuo hoje sendo advogado. Contudo, foi no Planalto Central que encontrei, além da qualificação profissional, um amor incondicional pelo mar. Ali descobri uma música dos poetas Nonato Buzar e Paulinho Tapajós (o mesmo autor de “andanças”, imortalizada na voz de Beth Carvalho) chamada Olho D’água, cantada com excelência pela maranhense Alcione.

Me acostumei a ouvir essa música sempre que saia do Olho d’água onde morava e hoje outra vez moro, seguindo pela Avenida Litorânea, cartão postal da nossa cidade São Luís do Maranhão. Na proa, a esperança de vencer na vida; na popa uma retaguarda que me garantia lutar pelos meus sonhos; a boreste, na linha do horizonte do mar do Maranhão, os navios que me acostumei a ver. Incrível como não se percebe a importância deles para o mundo. O transporte marítimo e o ferroviário são fundamentais para a economia mundial, dado seu baixo custo (e pensar que o Maranhão possui um modal completo formado por estradas, aeroporto internacional, ferrovias e um dos portos mais profundo do mundo, o Porto do Itaqui, sem contar o centro de lançamento de foguetes de Alcântara. Com tudo isso e mais terras férteis, índice pluviométrico alto e regular, segundo maior rebanho bovino do Nordeste, somos um dos Estados mais pobres do Brasil. Como pode?

Voltando ao mar, aos navios e aos portos, eles são responsáveis pela maior quantidade de carga deslocada no mundo. Em que pese o porto de Xangai, na China, Roterdã na Holanda e Itaqui, no Maranhão, serem aqueles que recebem os maiores graneleiros do mundo, apenas Xangai e Roterdã figuram entre os 10 (dez) maiores e mais movimentados (sete deles ficam na China, sendo o maior o de Xangai, um na Coreia do Sul, outro em Roterdã, na Holanda, e o outro em Singapura). O Porto do Itaqui figura entre os 10 maiores do Brasil.

A importância desse segmento para a economia mundial é enorme. Remonta séculos quando os fenícios (hoje libaneses) dominavam o comércio marítimo. Envolvidos diretamente na viabilização desse tipo de navegação estão a marinha mercante, a praticagem e os rebocadores, sem contar incontáveis trabalhadores que, com sua atividade operacional, fazem a roda girar. São bilhões de dólares envolvidos e milhões a cada operação.

De importância singular nesse contexto, a marinha mercante é o ramo civil da marinha que atua no comércio marítimo, conduzindo pessoas e cargas em navios de carga, navios-tanque e navios de cruzeiro. A praticagem é responsável pela condução dos navios até o porto. Eles figuram como “agentes do Estado” responsáveis por conduzir as embarcações e as cargas, em segurança, pelos canais, até a atracação nos portos e depois sua condução até mar aberto. Seja num porto fluvial ou marítimo em que atraquem grandes embarcações, ali estará um prático. Sem eles o navio não atraca. Por fim, os rebocadores atuam puxando (rebocando) os navios e auxiliando na sua atracação. A responsabilidade deles nesse processo é surreal e não por acaso, ascender à condição de Prático, demanda anos de preparação, fluência em línguas e muita determinação.

Meu filho do meio, Sérgio Murilo Filho, está iniciando o segundo ano do ensino médio. Prestou o ENEM como treinier em 2024, se saindo muito bem para uma primeira experiência. Atingiu 940 na redação e obteve quase 700 pontos nos demais conjuntos de prova. Está, portanto, no caminho certo. A fase, hoje, é de conhecer profissões e melhorar os resultados das provas.

Muitos anos atrás, conheci e me tornei amigo de um marinheiro mercante que tinha adquirido uma casa próximo da minha em um condomínio fechado aqui de São Luís. Nas nossas conversas ele me revelou o sonho de, algum dia, fazer o concurso para prático. Nos conhecemos em 2004. Desde os idos de 95/96 ele tinha ingressado na marinha mercante, já havia viajado parte do mundo quando, em 2008, aconteceu o concurso e ele foi aprovado. Se preparou por cerca de 13 anos para um concurso que não tinha data para acontecer. Ele é um dos 29 (vinte e nove) que integram a APEM (Associação dos Práticos do Estado do Maranhão), uma instituição que além de congregar os profissionais da área, ainda desempenha um relevante papel social junto às comunidades carentes.

Esta semana meu amigo recebeu a mim, minha esposa e meu filho para uma explanação sobre a sua importantíssima profissão. Ficamos maravilhados com a exposição, a importância da profissão, com a estrutura da Associação e a qualificação dos profissionais que a compõem. Posso testemunhar, sem medo de errar, que o Maranhão e o Brasil possuem um quadro de práticos dos melhores disponíveis no mercado, os quais se mantém atualizadissimos, dentre outras coisas, através do simulador de operação de praticagem, dos mais modernos existentes no mundo. Um orgulho de ver.

Aos membros da APEM nosso muito obrigado pela recepção e orientação. Quanto a você, amigo querido, faltam palavras para agradecer. Um dia, o prático Almir se dispôs a tirar suas dúvidas e lhe permitiu sonhar. Você correu atrás do sonho e o alcançou. Obrigado por nos apontar o norte, a proa de um novo amanhã. Espero, algum dia, poder retribuir, palestrando para sua filha sobre a minha profissão.

Hoje posso afirmar, sem a menor dúvida, que para movimentar a economia do mundo, para um País crescer, não adianta complicar. Para desenvolver, navegar é preciso.

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Homenagem

Guerreira da tribo Tupi.

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“Quem me dera ao menos uma vez ter de volta todo o ouro que entreguei a quem conseguiu me convencer que era prova de amizade se alguém levasse embora até o que eu não tinha”.

Em que pese a estrofe inicial de índios, música icônica da Banda brasileira Legião Urbana, aponte para uma situação de arrependimento que teria ocorrido por ocasião do descobrimento (fato nunca reconhecido), melhor seria se refletisse uma insurgência contra o domínio a partir de então imposto, verdugo da liberdade vivida. Sentença de submissão consequente. Não viveríamos, em tese, sob o jugo da indicação da força pela ocupação de posição.

Lembro que nos meus estudos secundaristas, tínhamos Tupi, Tabajara, Guarani, e outras tribos guerreiras, chamadas Timbiras. Quisera tupã que a recepção dos visitantes não fosse apresentada em gentileza, mas em resistência. Talvez assim não se deixassem aqui os bandidos e condenados, mas homens honrados para lutar pela terra, em vez de negociantes, embrião das negociatas de hoje.

Em Y juca pirama (aquele que deve morrer), Gonçalves Dias narra a história do valoroso guerreiro Tupi que , temente pela morte do pai cego, pleiteia pela sobrevivência, para dele cuidar. É rejeitado ao sacrifício por ser considerado indigno ante sua fraqueza. Retornando ao convívio paterno, este os faz retornar aos Timbiras, pois a tradição do vencido era servir de pasto aos vencedores. Eis que célebre se torna o trecho:

«”Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de via Aimorés.
“Possas tu, isolado na terra,
Sem arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz,
Ser das gentes o espectro execrado;
Não encontres amor nas mulheres,
Teus amigos, se amigos tiveres,
Tenham alma inconstante e falaz!
“Não encontres doçura no dia,
Nem as cores da aurora te ameiguem,
E entre as larvas da noite sombria
Nunca possas descanso gozar:
Não encontres um tronco, uma pedra,
Posta ao sol, posta às chuvas e aos ventos,
Padecendo os maiores tormentos,
Onde possas a fronte pousar.
“Que a teus passos a relva se torre;
Murchem prados, a flor desfaleça,
E o regato que límpido corre,
Mais te acenda o vesano furor;
Suas águas depressa se tornem,
Ao contacto dos lábios sedentos,
Lago impuro de vermes nojentos,
Donde fujas com asco e terror!
“Sempre o céu, como um teto incendido,
Creste e punja teus membros malditos
E oceano de pó denegrido
Seja a terra ao ignavo tupi!
Miserável, faminto, sedento,
Manitôs lhe não falem nos sonhos,
E do horror os espectros medonhos
Traga sempre o cobarde após si.
“Um amigo não tenhas piedoso
Que o teu corpo na terra embalsame,
Pondo em vaso d’argila cuidoso
Arco e frecha e tacape a teus pés!
Sê maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és.”

Mostra de valor na derrota se apresenta. Aquele que tomba, em seu canto de morte, suas glórias apresenta, para, com satisfação, de repasto se revista.

Já não se tem mais honra. A parvidez dos atos alcançam aplausos, mesmo que ocultos em promessas vis de lealdade.

Ao longo dos últimos anos, vi deputados estaduais sendo mantidos a pão e água e quando são tratados à base de vinho e caviar, mostram sua essência vassala, sindrômica, leal a quem os oprimiu. Síntese de coronelismo, enxada e voto, evolução, ou não?

Numa grita de – “eu estou aqui” – por interpostas pessoas ( quem já deveria ter entendido que a página virou, parece que não entendeu), se gravou uma das mais deploráveis cenas do filme político do Maranhão (e ainda se acha quem aplauda tamanho descalabro).

Se não fosse trágico, seria cômico.

A reunião na Presidência com a presença de parte dos oposicionistas, demonstrou que não existe limite pra desfaçatez. A presença parda do lado negro da força se mostrou entre saias e calças, deixando claro que o “ou dá ou desce” e o “deixa que aqui eu garanto” estão longe do obrigado por lutar comigo.

Findo o certame, venceu o texto e o contexto. Se firme no compromisso, encontraram no texto escrito a solução para o conflito. Venceu quem tinha contexto.

No final, ainda que atingida pela luta pelo poder, coube a quem de direito balbuciar a palavra final: venci.

Rememorando o canto indigenista, diria:   Alarma! alarma! – O velho pára!
O grito que escutou é voz do filho,
Voz de guerra que ouviu já tantas vezes
Noutra quadra melhor. – Alarma! alarma! Esse momento só vale a pagar-lhe. Os tão compridos trances, as angústias,
Que o frio coração lhe atormentaram
De guerreiro e de pai: – vale, e de sobra.
Ele que em tanta dor se contivera,
Tomado pelo súbito contraste,
Desfaz-se agora em pranto copioso,
Que o exaurido coração remoça.
A taba se alborota, os golpes descem,
Gritos, imprecações profundas soam,
Emaranhada a multidão braveja,
Revolve-se, enovela-se confusa,
E mais revolta em mor furor se acende.
E os sons dos golpes que incessantes fervem,
Vozes, gemidos, estertor de morte
Vão longe pelas ermas serranias
Da humana tempestade propagando
Quantas vagas de povo enfurecido
Contra um rochedo vivo se quebravam.
Era ele, o Tupi; nem fora justo
Que a fama dos Tupis – o nome, a glória,
Aturado labor de tantos anos,
Derradeiro brasão da raça extinta,
De um jacto e por um só se aniquilasse.

Basta! Clama o chefe dos Timbiras,

Basta, guerreiro ilustre! Assaz lutaste,

E para o sacrifício é mister forças. –
O guerreiro parou, caiu nos braços
Do velho pai, que o cinge contra o peito,
Com lágrimas de júbilo bradando:
“Este, sim, que é meu filho muito amado!

Lutaste a derradeira batalha. Não sucumbiste aos verdugos timbiras e nem ao lado negro da força.

Prevaleceste, Iracema. Guerreira. Certamente descendente de uma nobre tribo. Guerreira da tribo Tupi.

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